A Linha do Oeste é uma linha ferroviária inaugurada em 2 de abril de 1887 (troço Alcântara—Cacém). Ainda no mesmo ano foram abertos os troços até Torres Vedras, Caldas da Rainha e Leiria. Em 17 de Julho de 1888 foi concluída a Linha do Oeste, após o término das obras no troço Leiria—Figueira da Foz. Em 8 de Julho de 1889 foi concluído o ramal que ligaria a Linha do Oeste à Linha do Norte. Actualmente, e por despacho em Diário da República, a Linha do Oeste tem início no Cacém e termina na Figueira da Foz, numa extensão total de 198 km. Passaram 128 anos mas o traçado e as características da linha mantêm-se mais ou menos inalterados, sem investimentos significativos. Por falta de investimento público, a Linha do Oeste está longe de ter os tráfegos que outrora possuiu, tanto ao nível do transporte de passageiros como de mercadorias.
No passado dia 12 de fevereiro o actual governo apresentou as acções e a calendarização do Plano de Investimentos Ferroviários 2016-2020, que prevê um investimento de 106,8 milhões de euros na modernização da Linha do Oeste, mas apenas nos 84 quilómetros que ligam Meleças a Caldas da Rainha. Além da eletrificação a 25.000V, serão ainda instalados os mais modernos sistemas de sinalização automática e de telecomunicações, reforçando ao mesmo tempo a capacidade da linha e a sua segurança. As estações serão adaptadas para comboios com 750 metros e serão criados novos desvios ativos, nomeadamente junto à estação de São Mamede, dado que não haverá duplicação da via.
Esta é uma boa notícia para o Oeste, mas que lamentavelmente sabe a pouco, dada a carência crónica de investimento público na linha ao longo dos anos e porque aponta a modernização de apenas metade do seu percurso, criando uma rotura de carga na estação das Caldas da Rainha. O que é efectivamente muito problemático. No passado dia 24 de fevereiro participei numa reunião em Loures, com representantes de todas as forças políticas de todas as Assembleias Municipais de todos os concelhos das regiões do Oeste, Leiria e Coimbra atravessados pela Linha do Oeste, para discussão desta problemática de modernização do seu sistema ferroviário. Também estiveram presentes representantes das cidades de Lisboa e Sintra. Em março está prevista uma nova reunião na Marinha Grande, agora com convites a todos os presidentes das câmaras municipais envolvidas para participarem.
1. A Linha do Oeste é a espinha dorsal da frente urbana atlântica de Portugal, atravessando uma vasta região densamente urbanizada e estruturante do espaço social e económico mais alargado da área metropolitana de Lisboa;
2. A Linha do Oeste modernizada e articulada com a Linha do Norte é um instrumento da desejável internacionalização de toda esta vasta frente urbana atlântica, que engloba as regiões do Oeste, de Leiria e de Coimbra, nomeadamente no âmbito das futuras relações comerciais e políticas entre a Europa e os Estados Unidos da América;
3. É muito salutar que os representantes políticos dos municípios das regiões do Oeste, Leiria e Coimbra, com 1,1 milhões de habitantes, se encontrem para debater o processo de modernização da linha do Oeste, sendo desejável que se encontre uma posição política de consenso que esclareça e enquadre os desafios do futuro para esta vasta região ;
4. É fundamental que a modernização da Linha do Oeste se articule desde o centro de Lisboa até ao Louriçal e Alfarelos, integrando efectivamente a Linha do Oeste na rede ferroviária portuguesa ;
5. Caldas da Rainha é uma centralidade territorial relevante no Oeste e, por isso, deve ter uma participação activa em todo este processo de debate e tomada de posição sobre a modernização da Linha do Oeste.