- publicidade -
Guilherme José
Livreiro “Malfeitor”
Vários são os sistemas políticos que têm vindo a ser desenvolvidos nos últimos séculos, mais concretamente desde a Revolução Francesa e da consequente criação do conceito de Estado-Nação. A partir desse marco histórico, surgiram as mais variadas doutrinas, desde o nacionalismo até às primeiras correntes socialistas, passando pelo monarquismo constitucional. Todas essas alternativas foram influenciadas pelas correntes liberais francesas, com o objetivo de evitar qualquer regime absolutista.
No entanto, podemos constatar que nenhuma dessas doutrinas foi suficiente para posicionar adequadamente o indivíduo no âmago da política. Vejamos: a época à qual chegámos composta dos mais banais apetrechos comporta em si uma narrativa meramente pós-fundacionalista que tende a enfraquecer qualquer status ontológico-político. Os movimentos políticos contemporâneos estão limitados pela impossibilidade extrema de um fundamento final, resultando em sistemas que operam com base em meros reducionismos. Essa abordagem tende a confinar o indivíduo a uma esfera estritamente socioeconómica, materialista e fisicalista.
Existem diversas teorias destinadas a justificar o fenómeno da crise que se instalou. No âmbito da Metapolítica que tento desenvolver, a minha abordagem centra-se na perceção de uma crise tão profundamente enraizada que toca o domínio metafísico. A política, na minha perspetiva, já não reflete o elemento espiritual; foi devorada por um niilismo atroz que confere ao indivíduo apenas a certeza inabalável da irreversibilidade de uma origem autêntica. Com isso, desvincula-se de toda e qualquer possibilidade de estabelecer um esquema teleológico honesto e sério, não conseguindo, em momento algum, retirar o indivíduo do âmbito exclusivo da matéria densa. Este é o resultado da política meramente secular que nos tem orientado a todos para uma natureza não redimida e estritamente viciosa, de devir, encerrando-nos na ilusão de samsara que engloba todas as formas do mundo inferior. Na minha visão, não crítica, mas antes trágica, não temos mais como nos evadir da esfera de Malkuth, a matéria densa, a menos que reencontremos em nós mesmos a energia espiritual que nos permita assumir a decisão radical de nos desvincularmos da superficialidade, do mercado de consumo que cresce à mercê do vício e do deterioramento da virtude (), e o nosso intelecto possa se direcionar para Niratisaya (o infinito). ■