Zé Povinho segue demasiado o princípio de que “santos da casa não fazem milagres”, mas às vezes convém transigir esta regra e destacar também os da casa ou aqueles que foram da casa.
O caso respeita ao fotógrafo Valter Vinagre, que foi funcionário da autarquia desde os anos 70 e durante décadas, quando residiu nas Caldas, o fotógrafo da Gazeta das Caldas a partir do momento em que o jornal passou a ser impresso em off-set.
Na cidade, como fotógrafo amador, passou a ser cada vez mais apreciado e reconhecido pelo seu trabalho, tendo-se notabilizado pouco a pouco como free lancer quando começou a realizar exposições pelo país. E não descurou a sua formação na área tendo feito um curso na Ar.Co.
Depois de estar reformado, seguiu para Lisboa onde então iniciou uma carreira de fotógrafo independente, com a participação em inúmeras iniciativas no país e no estrangeiro, que foram concretizadas por exposições nas mais variadas galerias, muitas delas de reconhecida exigência artística.
Parte substancial dos temas escolhidos para as suas mostras, facilmente chamam a atenção, quer pelo recorte artístico, quer pela cortante temática, onde se assinala o testemunho de situações sociais onde os excluídos da sociedade podem ser os protagonistas.
Entre as mais recentes, destaca-se “Posto de trabalho”, sobre a prostituição nas estradas portugueses, respeitando de forma implacável a individualidade e a dignidade das protagonistas das imagens. Não admira pois que Valter Vinagre tenha sido nomeado para o Prémio Autores 2016 da Sociedade Portuguesa de Autores – na categoria de Artes Visuais – Melhor Trabalho de Fotografia com a exposição “Posto de Trabalho” que realizou no Museu da Electricidade.
Quer venha a ser distinguido com o prémio, quer fique só como nomeado, já é a distinção que Zé Povinho gostaria de realçar saudando este fotógrafo, a quem deseja que continue a coleccionar mais reconhecimento e êxito nesse difícil mundo das artes em Portugal.
Uma cidade que se quer inteligente – ou smart como dizem os mais inglesados e sintonizados com o mundo desenvolvido -, vive de cidadãos inteligentes e interventivos, que participam nos assuntos da autarquia e que se responsabilizam pelo seu cumprimentos, bem como pela inovação para que possam ser trilhados novos caminhos.
Mas uma cidade que se quer inteligente não pode continuar a trilhar nos hábitos de outros tempos da autocracia e do “posso, quero e mando”, com excepção de algumas liberalidades em assuntos de pouca monta.
Zé Povinho não compreende como um executivo autárquico que se quer distinguir dos seus antecessores através de uma política de maior participação e de diálogo com todas as forças sociais e políticas, como às vezes se vangloria, cai numa armadilha em que não tinha nada a perder (a não ser que já existam ideias feitas que não queira discutir).
O tema do hospital e do património termal é crucial para a cidade e para a região, e não é lógico que seja uma dita “maioria” autárquica com um mandato de quatro anos que determine o futuro de uma realidade que tem já quase 550 anos.
A proposta do CDS, que foi apadrinhada por todas as restantes forças políticas da oposição, não tinha nada de especial e qualquer político inteligente ou smart, dar-lhe-ia seguimento com agrado porque era uma forma de fazer intervir e interessar num assunto muito quente um maior número de fregueses.
Não quis assim esta maioria, certamente com um rei na barriga, que lhe é inspirado pelo seu líder Pedro Passos Coelho, que de uma forma inesperada, viu fugir-lhe o poder por um inesperado alinhamento de bancadas partidárias.
Se alguma vez os habitantes do concelho das Caldas da Rainha oferecerem uma idêntica solução à governação local (e falta pouco mais de um ano para um mesmo teste), o PSD local cairá na realidade e verá que afinal tinha uma vida de ilusão do seu poder indiscutível.
Zé Povinho, requintado democrata, prefere sempre estas soluções alargadas e iluminadas com todas as cores do leque partidário, do que soluções monocolores de que depois todos se arrependem. Por isso penaliza o PSD local por falta de sensatez e de inteligência, numa cidade que quer vender como inteligente.