Agosto, férias e migrações!

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José Santos
professor

Chegou o mês de agosto e com ele chegou também aquele tempo em que nós, professores, podemos finalmente gozar de uns dias tranquilos com as nossas famílias, com os nossos filhos e aperceber-nos do quanto eles cresceram. Também é nesta altura que encontramos tempo e espaço para aqueles que nos dizem muito e que tantas vezes descuramos. É que isto de ser professor é uma missão, e se o deixamos de encarar assim, mais vale ir procurar um emprego das oito às cinco!
Parte deste primeiro parágrafo vale para quase toda a classe docente. E digo quase, porque existem nas escolas alguns que ainda abdicam do agosto para conseguir que o ano letivo arranque da melhor forma. Falo das Direções das escolas e de alguns professores que ficam a trabalhar em “papéis” e burocracias para que no dia um de setembro a escola esteja a funcionar em pleno.
Nesta época do ano, o nosso país enche-se de uma miríade de culturas e pessoas dos quatro cantos do mundo. São os nossos emigrantes que retornam ao nosso país, são os nómadas digitais que vêm aproveitar o nosso clima mediterrânico, são os nossos peregrinos (este ano, pelo menos) e são os trabalhadores de outros países que vêm à procura de uma vida melhor.
Esta multiculturalidade traz consigo um problema que nos preocupa a todos. Onde vão estudar estas crianças que não falam o português? O que podemos fazer para auxiliar estas crianças e jovens?
Os agrupamentos tentam aplicar uma série de medidas para evitar que estes alunos não se sintam desenraizados, trabalham em articulação com parceiros para que estes meninos e jovens não “se sintam largados”. Será a solução perfeita? Talvez não, mas é de certeza, um ponto de partida!
Existe uma grande preocupação na procura de respostas para o acolhimento e integração das crianças e jovens falantes de outras línguas no nosso sistema educativo que passam por uma integração gradual do aluno no currículo; projetos de escola; atividades que potenciem a “imersão linguística” dos alunos, através do desporto escolar, tutorias e mentorias; envolvimento direto das lideranças no acompanhamento destes alunos; entre outras respostas mais ou menos criativas.
É, no entanto, necessário pensar mais esta integração, atenuar o fosso comunicativo através de estratégias concertadas incluindo as famílias, pois o seu comprometimento é imprescindível para o sucesso da imersão linguística. É preciso ainda uma interação constante para percorrer este caminho que é de todos.
Um caminho que é o da prossecução da equidade na educação. ■