ANNUS MIRABILIS – Alinhar com a realidade

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Uma das perspectivas mais interessantes que a Confraria dos Sortudos defende, é a necessidade de se estar permanentemente alinhado com a realidade. Na verdade, nunca se está, pois o contexto em que nos encontramos, bem como nós próprios, muda constantemente. O alinhamento é, nesse sentido, uma “dança” sem fim de desalinhamento e realinhamento sucessivo. Surpreendentemente ou não (sabemos há muito que “Deus escreve direito por linhas tortas”), é também o que se passa com a trajectória de um avião ou automóvel entre a origem e o destino, o qual segue fora de rota durante quase todo o percurso, num ziguezaguear constante de realinhamento, devido aos múltiplos factores que o afastam do objectivo final.
Os investigadores ao serviço da prestigiada Confraria, revelaram que as pessoas com sorte procuram conhecer bem a realidade, em todas as suas vertentes, quer do ponto de vista holístico (ou global), quer na abordagem aos inúmeros detalhes que a compõem. Por outro lado, as pessoas com sorte definem e gerem bem as suas expectativas, evitando embarcar em fantasias que não colam com a realidade. Na verdade, o optimismo, a abertura e a confiança, revelados pelos sortudos, não podem ser confundidos com a ingenuidade, a ignorância e a imaturidade dos azarentos, estando estas frequentemente na origem do seu fracasso e insucesso. Ter os pés bem assentes na terra e não esperar mais do que se deve, são, pois, qualidades essenciais para que a sorte nos sorria.
Sendo realistas, as pessoas com sorte sabem que tudo está em permanente transformação, pelo que é essencial estar-se atento às mudanças e adaptar-se a elas. Camões lembrou-o em “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, frisando que “todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”. A par da diversidade espacial, o tempo caracteriza também uma realidade mutante, importando estar-se sempre no tempo certo – quem se antecipa ou atrasa à realidade, sofre o azar ou, no mínimo, perde a oportunidade de ter sorte. Nesse sentido, o sortudo é aquele que avança no tempo ao ritmo que este passa, com a consciência de que a perda de uma oportunidade não é o fim da sorte, pois “atrás dos tempos vêm tempos e outros tempos hão-de vir” (Fausto).

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