2011 será por muitos considerado um annus horribilis, tendo em conta as dificuldades que inevitavelmente iremos enfrentar, não só nos próximos doze meses, mas também nos anos subsequentes. O termo foi popularizado pela actual Rainha de Inglaterra, que o usou para caracterizar 1992, o ano de todos os dramas na família real britânica. Em Portugal, entrámos oficialmente em ano de austeridade, assolados por todas as tempestades financeiras, económicas, políticas e sociais.
Pois eu acho que 2011 será, pelo contrário, um annus mirabilis, aquele em que as boas surpresas ocorrerão, se não para evitar os horrores esperados, pelo menos para impedir que eles sejam ainda maiores. Fica assim assegurado, à partida, o meu vaticínio, pela simples impossibilidade de ele poder ser negado. Há três séculos e meio, o poeta John Dryden apelidou de mirabilis (maravilhoso, milagroso) o ano de 1666, aquele em que a armada inglesa derrotou a holandesa e Isaac Newton descobriu a força da gravidade, apesar de nesse ano (com o número da besta) Londres ter sido dizimada simultaneamente pelo Grande Incêndio e pela Grande Praga.
Assim se pode ver o mundo e a vida, pela ameaça ou pela oportunidade, pelo azar ou pela sorte, pelo copo meio vazio ou meio cheio. Ao longo deste annus mirabilis e com o apoio da prestigiada Confraria dos Sortudos, esta rubrica analisará os factores que determinam a sorte e o sucesso, vencendo dificuldades e aproveitando boas chances. Murphy, nas suas famosas leis do pessimismo preventivo, dizia que “se alguma coisa puder correr mal, vai correr mal de certeza, e se tudo lhe parecer que está a correr bem, é porque está a esquecer-se de alguma coisa”. Preocupado? Não esteja, Murphy era um optimista e só faz sentido sorrirmos, já e muito, porque a realidade e o amanhã poderão ser muito, ou apenas pouco, piores.
José Rafael Nascimento
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