Ao nosso professor Jaime Neto

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Gazeta das Caldas
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Esta carta é redigida e direccionada à Gazeta das Caldas por um grupo de alunos da turma do 9ºF da disciplina de Educação Visual leccionada pelo professor Jaime Neto, cronista do jornal durante 48 crónicas; entretanto já não se encontra no cargo.
Nós, alunos do 9ªF da Escola Secundária Raul Proença, gostaríamos que o professor Jaime Neto redigisse uma última crónica no jornal dirigida aos seus alunos. A razão deste pedido pode-se verificar por todos nós termos mostrado uma grande satisfação relativamente à crónica publicada no seguimento dos incêndios do passado mês de Outubro.
Insistimos para que seja feito um pedido ao professor para que faça uma última crónica relativa ao tema acima referido. O nosso respeito e consideração pelo nosso professor é grande e por essa razão adoraríamos que tivesse um grande sucesso na redacção dessa crónica.

Atenciosamente e agradecidos os alunos da turma 9ºF,
(seguem-se 29 assinaturas)

NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta ao visado, que nos enviou o seguinte texto:

49ºF – Aos meus alunos

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A vida é uma caixinha de surpresas!… Depois de ter terminado a minha colaboração com a Gazeta das Caldas ao fim de 48 crónicas trissemanais sobre as Caldas e o Oeste escritas ao longo de dois anos e meio, eis que sou surpreendido e confrontado com uma carta escrita pelos meus alunos da turma F do 9º ano na Escola Secundária Raul Proença das Caldas da Rainha, a solicitar uma derradeira crónica dedicada a eles mesmos, aos alunos. É claro que, embora não sendo já cronista habitual neste jornal, não podia ficar indiferente a este pedido para escrever um texto como resposta a tão directa solicitação por parte dos meus alunos. Este texto não é por isso uma crónica, mas sim uma dedicatória a todos os meus alunos da turma F do 9º ano e, em seu nome, uma dedicatória a todos os meus alunos passados, presentes e futuros. Depois do 48 vem o 49 e como esta já não é uma crónica mas sim um texto dedicado aos meus alunos, resolvi dar-lhe o título de 49ºF, em homenagem a esta iniciativa do 9ºF. Confesso que fiquei muito sensibilizado com o Vosso pedido de alunos e leitores atentos, a que vou tentar corresponder neste pequeno e necessariamente breve texto.

O valor de 49ºF equivale, a propósito, a uma temperatura de 9,44º Celsius, o que corresponde mais ou menos à temperatura do ar à hora da noite deste dia 23 de janeiro de 2018 em que escrevo este texto. Uma curiosidade que destaco, porque ser curioso é, no meu entender, uma atitude que devemos aprofundar e valorizar nas nossas vidas. Não gostaria que entendessem estas minhas palavras como uma atitude mais ou menos paternalista de um professor para os seus alunos, mas, na verdade, a curiosidade e a honestidade intelectual são um valor muito relevante nos tempos que correm, não só do ponto de vista pedagógico como também social e humano. Sem curiosidade e honestidade intelectual não pode haver integridade pessoal e humana, em todos os campos da sua acção! A integridade pessoal não é uma qualidade que nasça connosco,  precisa de ser acarinhada e treinada como uma qualidade do carácter de cada um. Só podemos ser pessoas com integridade de carácter se a praticarmos todos os dias através dos nossos pensamentos e ações! O dicionário Priberam da Língua Portuguesa define a palavra integridade como “o carácter daquilo a que não falta nenhuma das suas partes”.  Seremos todos melhores cidadãos Portugueses se formos íntegros e honestos connosco mesmo e nas nossas relações com os outros! Na escola, na sociedade, no ambiente, na economia e na política.  Ah!… e não se esqueçam das palavras de Albert Einstein:  “A imaginação é mais importante que o conhecimento”.

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