O Cuco é uma ave estival e que toda a gente conhece o seu cantar característico, é sempre uma das primeiras aves a anunciar a chegada da primavera.
Oportunista que não faz ninho, parasitando os ninhos de outras aves, sobretudo de pequenos passeriformes insectívoros. Pensa-se que cada fêmea se especializa num único tipo de hospedeiro. Aproveitando a ausência da ave hospedeira no ninho, a fêmea do cuco retira um ovo, atirando-o fora ou comendo-o, depositando depois um dos seus ovos. Cada fêmea pode pôr até 25 ovos, um por cada ninho visitado, não se preocupando mais com destino dos ovos ou do das crias.
As crias do cuco eclodem antes das crias da espécie parasitada, e o jovem cuco de tamanho muito maior, começa a expulsá-los do ninho, de forma a assegurar o alimento só para ele. É vulgar ver uma ave de pequenas dimensões como por exemplo o Pisco-de-peito-ruivo, um Cartaxo ou um Rouxinol-dos-caniços, a alimentar um latagão insaciável, numa azáfama de voos constantes para o ninho, porque o seu instinto assim o manda.
Também é conhecido por: Cuco-cinzento, Crió e Cuco-real
No folclore, é conhecido o famoso tema popular “Canta a Cuca, canta o Gaio” que António Mourão interpretou.
E nas lendas tradicionais do povo, as raparigas casadoiras quando ouviam o cuco pela primeira vez perguntavam: “Cuco da Carvalheira, quantos anos me dás de solteira? “, sendo a resposta do cuco dada pelo numero de notas que repetia.
Em meados de março princípios de abril, quando fazemos a ronda habitual pelos sítios prováveis de aparição, logo o pastor Armando Santos, do Nadadouro, sempre com a sua boa disposição e simpatia, nos diz que já os viu lá para os lados da Quinta do Negrelho, ou já os ouviu lá para o lado da Barrosa, e quantos vieram este ano, de vez enquanto, no meio da conversa, assobia à sua obediente cadela, que com precisão quase militar, vai buscar uma ovelha que se tresmalhou.
Que saudades tenho de ver o saudoso Ti’ Vasco Chucha com o seu rebanho, sentado à sombra de um de um grande plátano que há na quinta do Barroso.
-Então Ti’ Vasco como é que está?
– Eh pá hoje estou aqui um bocado afanado de um joelho, coisas da idade, que se há-de fazer! Já marquei o raio da consulta há quatro meses e nada.
Sempre que passo pelo plátano lembro-me dele, são recordações e vivências que guardo, desde que me conheço como gente. Quem não se lembra de o ver com o seu rebanho, mesmo às portas da cidade, junto ao CENCAL?
Os pastores, são de facto uma das fontes mais fiáveis de informação para os fotógrafos de aves e vida selvagem, porque sabem que preservamos as espécies que observamos, eles melhor do que ninguém, conhecem o terreno os caminhos, as moitas e restolhos.
Lá vamos nós falar com o amigo João da “Autodiesel” pedir autorização para montar uns poleiros na vedação do seu terreno, e que ele prontamente acede.
Afinal, consta que foram os pastores que deram nome ao local, onde se reuniam nos dias de estio, se banhavam e nadavam, dando assim nome à povoação do Nadadouro.
É nestas pessoas boas, que ás vezes penso no momento do “click” e digo para mim mesmo: -Boa Foto!!
Bem… parece-me que já me estou a armar aos Cucos.
João Edgar
sarabuga@gmail.com