Bombarral IV

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José Luiz Almeida e Silva

É estranho, melhor parece ser norma, quando falamos em investimentos com longevidade de 50 anos, não se pensar naquilo que o objeto desse investimento vai ser durante esse período longo.
O debate sobre o novo hospital do Oeste parece estar a viver o mesmo vício. A grande discussão é sobre a localização e o que é necessário ter hoje, sem pensar que se está a construir para daqui a uma década e para funcionar durante o meio século seguinte. E esquecem-se as grandes questões que fazem hoje do debate especializado na sociedade: pensar nos smart hospitais (hospitais inteligentes, como hoje já se fala das cidades inteligentes) ou nas enfermarias hospitalares virtuais permitindo internamentos mais curtos e acompanhamento dos doentes remotamente com segurança, ou na aplicação da inteligência artificial (IA) nos novos cuidados de saúde ou hospitalares.
Alguns especialistas já preveem o uso da IA em diagnósticos como “lugar comum” e dizem que “muitos edifícios hospitalares existentes podem se transformar em centros comunitários, nos quais serviços clínicos especializados, clínica geral e equipes comunitárias trabalham lado a lado.”
Simultaneamente centros cirúrgicos separados, utilizando cada vez mais a robótica, tornar-se-iam a norma dentro desse ambiente hospitalar inteligente. Em áreas menos densamente povoadas, os serviços essenciais, como cirurgia e diagnóstico, permanecerão, mas as consultas gerais ocorrerão virtualmente e por equipes de clínicos trabalhando em vários locais por meio de um modelo do tipo hub remoto. Pegámos apenas em alguns exemplos, coisa que é deserto no atual debate!
Tenho pena deste governo e do partido maioritário que se enredou, à sua maneira, num discurso populista de investimento para agradar a clientelas partidárias e com uma visão de curto prazo, secando uma vez mais os dinheiros de Bruxelas. ■