O cachecol do artista – Articular projectos

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Noticias das Caldas
| D.R.
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A actual governação tem beneficiado da conjuntura externa para obter os resultados que genericamente são reconhecidos como positivos pela população em geral. Além da conjuntura externa, este governo desenhou políticas de esquerda, no contexto da maioria parlamentar que noutro contexto o PS não assumiria, conhecida que é a corrente “à lá PSD” dentro desse partido. Contra o cepticismo inicial de muitos e as baixas expectativas de outros, o governo tem vencido esse cepticismo e superado até as melhores expectativas.

Na conjuntura externa tem sido decisivo o papel do turismo no bom desempenho do país. É consensual que esta indústria tem sido um dos motores da nossa economia. Infelizmente este motor tem estado parado nas Caldas da Rainha e tarda a ouvir-se o seu rugir a acelerar a economia local. A cidade, o concelho e a região, precisam das Termas a trabalhar em pleno para que o turismo possa efectivamente cumprir o seu papel nas Caldas da Rainha. Mas enquanto isso não acontece, e vai tardar mais do que todos desejaríamos – como também já todos percebemos, excepto o sector mais propagandista do PSD local, há muito mais medidas, projectos e iniciativas que se podem desencadear para estimular o turismo e a economia caldense.
É certo que precisamos de mais oferta hoteleira. Mas será o projecto megalómano para os Pavilhões do Parque uma boa solução? Parece-nos que não. Seria melhor uma solução mais amigável do património, com menor densidade hoteleira e melhor interface do património com a cidade e a população endógena e exógena. Um hotel, por mais estrelas que traga, não nos resolve tão bem o problema como o resolveria dois hotéis. Leram bem: dois hotéis. Sem megalomanias e sobre-dimensionamentos. Sendo que o segundo deveria ser construído no edifício, em actual abandono, junto ao CCC, para ai pôr a funcionar o sector de congressos, que até agora nunca funcionou, e pode e deve oferecer, uma cadência mensal de congressos. Já o escrevemos aqui antes, mas julgamos oportuno nesta fase insistir. Juntar o turismo de saúde, ao turismo cultural com uma programação cuidada e bem pensada, aproximando um interface à indústria de congressos, de forma articulada, pode transformar a realidade turística e económica das Caldas nos próximos anos. Assim os caldenses o queiram, e o poder local tenha competência para o fazer.
Mas há mais a fazer para qualificar  a cidade e a oferta turística. Um plano de mobilidade para o concelho é urgente, e no que respeita à mobilidade urbana, o estacionamento é um factor crítico. Nomeadamente o de autocarros de turismo, que ficam demasiado afastados do centro, e podem e devem ser aproximados. Há outros projectos que devem ser mobilizados para trabalhar em articulação e criar sinergias numa cidade que deve ser um organismo vivo. Há que chamar aqui a requalificação do mercado do peixe, que está moribundo, e deve ser alvo de um projecto de modernização, que inclua outro tipo de oferta, além do peixe, como  uma mercearia, uma florista ou até um talho (porque não…) e beneficiando do elevado pé direito, construir mais um piso, em mezanine ou varandim, e colocar aí dois ou três restaurantes de peixe fresco e sushi. A complementar esta oferta, em articulação com o CCC, estacionamento de proximidade de autocarros de turismo, a praça da fruta, as termas, esta nova praça do peixe poderia ainda integrar alguns pequenos atelier-loja, em residência artística temporária para projectos de arte e artesanato urbano de jovens artistas da ESAD.
As coligações governam melhor que as soluções monocolores, assumem o diálogo e o olhar sobre o real, que as maiorias absolutas transformam em arrogância, quando não em surdo autismo. Mais do que denunciar ou criticar, o BE está preparado para actuar e transformar. Em diálogo.

Lino Romão
linoromao2.0@gmail.com

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