A crónica desta semana forçou-me a revisitar a edição de 2 de setembro, onde na sua crónica o vizinho aqui do lado me citava. A citação foi uma gentil deferência que tive ocasião de agradecer via redes sociais. O motivo do regresso a essa edição não é tanto a necessidade de responder aos “galhardetes” do Dr. Varela, o que até podia apimentar o interesse para os caldenses, mas antes uma espécie de obrigação de fazer um exercício de desconstrução do que aí se escreveu, e explicitar como essa crónica é exemplar do que é do PSD caldense e de como orienta a sua reflexão política.
Vejamos então. Partindo de um princípio de ansiedade por falta de adversários, a um ano das eleições, o Dr. Varela lamenta essa ausência da oposição da esquerda à direita. Esquece-se de recordar aos leitores que o Dr. Tinta Ferreira teve de avançar precipitadamente, para ocupar o espaço interno do PSD, sob ameaça do regresso do “emérito” trazido em ombros pelo “sertão” caldense, onde ainda goza de influência e prestígio junto das hostes “laranja”. Agora, solitários no terreno eleitoral, desesperam na espera dos adversários. E demonstram à saciedade que a incapacidade de pensar a cidade e o concelho, com um projecto político digno desse nome, é substituída por abundante reflexão eleiçoeira que se os entretém a projectar estratégias e espectativas dos outros partidos. Enquanto na nossa crónica, dessa mesma edição de 2 de setembro, denunciávamos a completa ausência de políticas culturais e de juventude que servissem a população governada há 30 anos pelo mesmo PSD, o nosso vizinho revelava todas as suas preocupações com a tacticismo eleitoral, próprio e de terceiros, e com o horror de ver surgir uma “geringonça” local. Para lhe aliviar os pesadelos, posso desde já avançar que uma coligação local, de esquerda obviamente, só interessaria ao BE se tiver a capacidade de representar um projecto político de mudança, alternativa e qualificação das Caldas da Rainha. Essa discussão é prévia e prioritária à discussão do eventual candidato a Presidente da Câmara que a viesse a encabeçar. Quanto a figuras mediáticas, ou a andar a reboque de uns ou de outros, são preocupações que só ao PSD inquietam, na sua forma tacticista e fulanizada de fazer política. É pouco, bem sabemos, mas é o PSD caldense que temos, no seu melhor, no poder há 30 anos.
No seu deslumbramento laranja-narcisista, Jorge Varela lá foi elogiando a excelência deste mandato do PSD local, ao mesmo tempo que anunciava o seu fim, quando ainda falta cumprir um ano, ou seja um quarto desse “excelso” mandato que foi tão bom e generoso para os caldenses. Mas terá corrido tudo assim tão bem aos caldenses, como afirma JV? Então como explicará o nosso amigo que um dos sectores a apresentar maior crescimento nos últimos anos tenha sido o da indústria da caridade? Onde muitos militantes e eleitores do PSD trabalham ou são voluntários, mas onde também agora alguns eleitores e militantes são clientela fidelizada? O que dirá esse município de sucesso do Dr. Varela e amiguinhos JSD’s aos outros jovens, e aos pais e mães de família, que procuram emprego e não encontram? Esperamos que não tenha para dizer o que dizia o Dr. Passos Coelho sobre zonas de conforto.
Mas a grande revelação da crónica do nosso vizinho é a incerteza que revela sobre a reabertura do Hospital Termal. Muito se têm esforçado a CMCR e o PSD local para fazer acreditar a todos nessa certeza absoluta, que agora o Dr. Varela, num autêntico acto falhado vem pôr no condicional. Como todos já suspeitávamos, “se as termas reabrirem” não é uma certeza. Afinal, diz-nos JV “o presidente vai nu” e sobre as termas há uma mão vazia e outra cheia de nada.