O cachecol do artista – Participar e escolher

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Gazeta das Caldas

Entramos agora na ponta final do actual mandato autárquico, a campanha eleitoral, para decidirmos todos no dia 1 de Outubro como se vai organizar o município nos próximos quatro anos. A cidade já está repleta de cartazes e outdoors das candidaturas, com reluzentes slogans e fotos em pose “presidenciavel”. Confesso já aqui que eu próprio me admirei com o meu outdoor gigante, onde, aliás, estou muito bem acompanhado. Diga-se também e desde já, que se fosse pela qualidade da fotografia ou pelas qualidades humanas de quem me acompanha nos suportes gráficos, isto já estava ganho. E seria bem merecido. Mas a democracia não é um concurso em busca da personalidade mais encantadora. Ainda que as características pessoais dos candidatos possam ter importância e fazer alguma diferença no exercício do poder, ou na condução de uma campanha eleitoral, o essencial seria o eleitor interessar-se pelos programas que cada candidato propõe e fazer uma escolha racional, perante as políticas em geral e as medidas em concreto, que cada candidatura apresenta. E mais importante ainda seria que a grande maioria dos cidadãos exercesse o seu direito de voto participando efectivamente na escolha das políticas da sua terra.

Infelizmente as coisas não têm sido bem assim. Nas Caldas da Rainha nas autárquicas de 2013 a abstenção foi de 54%. Ou seja mais de metade dos caldenses não participaram na escolha de quem governa os nossos destinos colectivos. Assim a actual maioria do PSD foi eleita, com maioria absoluta, com menos de 10 mil votos, num universo de quase 50 mil eleitores. Muitos dos que não vão votar afirmam em público que não vale a pena votar já que vai ficar tudo na mesma. É fácil de ver, pelos números acima, que se metade dos que se abstêm fossem votar, num partido da oposição, os resultados finais seriam muito diferentes. Ou seja, se a abstenção baixasse substancialmente, a grande probabilidade seria o PSD perder a maioria absoluta com que governa nas Caldas da Rainha há 35 anos.
Depois nas campanhas há aquela tendência de discutir, ou comparar, candidatos como quem vai ao supermercado comprar sabonetes ou desodorizantes. Podemos aqui pensar que talvez os programas sejam pouco interessantes e os cidadãos pouco interessados em discuti-los. Da minha parte suspeito que sejam muito generalistas, e que o bom do munícipe os contemple com alguma reserva, justamente porque, na maior parte das vezes, não se percebe o que cada projecto político quer fazer, para além das boas intenções com que se apresenta. Que se apresentam todos, afinal.
Desde o principio deste ano, no Bloco, desencadeamos um processo de trabalho que pretende contrariar esta tendência geral. Começamos por reunir alguns grupos de trabalho em sessões abertas, que foram passando do geral ao particular, no debate e diagnóstico da cidade e do concelho. Depois de escolhido o candidato, no decorrer desse processo, avançámos para o debate temático, e aberto, de algumas áreas centrais na organização das políticas do município. Há duas semanas apresentámos numa exposição um projecto alternativo de complexo termal para Caldas da Rainha. O programa autárquico do BE traz muitas propostas em concreto para a mudança. Para melhorar a vida dos caldenses. É ler, também os das freguesias, e comparar, com os outros. E ter uma certeza: se todos os que votaram BE nas legislativas de 2015 e na candidata presidencial, Marisa Matias, em 2016, voltarem a confiar nos candidatos do Bloco, podemos tirar a maioria ao PDS. E começar a mudar a política local, como estamos a mudar a nível nacional.