No próximo ano teremos eleições autárquicas. Para muitos actores deste processo ele já começou há meses. Em muitas cabeças as contas já vão adiantadas. No PSD caldense as contas começaram cedo, não fosse o presidente emérito ceder à tentação de querer voltar e deixar o actual na ingrata posição de actor secundário, agora que já se habituou a ser o protagonista da opereta local que o PSD dirige há décadas. Numa eleição em que a nível nacional o PSD parece estar a enfrentar algumas dificuldades em encontrar candidatos a círculos tão importantes como as principais cidades do país, e algumas capitais de distrito, Tinta Ferreira teve de avançar rapidamente, não fosse o diabo (essa personagem omnipresente…) tecê-las, como nos diz a sabedoria popular. Entretanto o PS caldense não quis ficar atrás em termos de precipitação e apresou-se a revelar o seu candidato. O território caldense é ingrato e particularmente difícil para a oposição, mas com esta escolha o PS revela sobretudo o seu conformismo com os habituais resultados e a falta de expectativa em alguma mudança do quadro do poder. Pela estima pessoal que tenho pelo Luís Patacho custa-me vê-lo nesse papel de cumprir calendário pelo seu partido.
Entretanto na capital de distrito as coisas animam-se entre dois velhos rivais laranja. Dá-se uma espécie de primárias entre dois candidatos do Sul do distrito, revelando também desta forma como o poder laranja na distrital está concentrado por estas paragens. Com uma sondagem encomendada pela distrital a reclamar Barreiras Duarte e a preferência unânime da concelhia a recair sobre Fernando Costa, podem-se esperar interessantes cenas dos próximos capítulos
As contas da junta de freguesia da Foz do Arelho vieram revelar que o MVC é a outra face da mesma moeda que é o PSD local. É um movimento cívico conservador assente num discurso populista anti-partidos e que agora, na prática, se prova que repete exactamente os piores tiques que são o alvo da sua crítica. Incapaz de alterar práticas erradas, a tresandar a corrupção, ainda as agrava por acrescentar fontes de receita que vão engordar o “saco azul” das contas da Junta de Freguesia da Foz do Arelho. Fernando Sousa, saído das segundas linhas do PSD fozense, tal como os dirigentes concelhios do MVC que nunca viram as suas aspirações reconhecidas pelos barões locais, deram o grito do Ipiranga das hostes laranjas e apanharam o eleitorado distraído e com disponibilidade para uma alternativa que nunca representaram. Na Foz do Arelho passou a ser possível ser autarca e funcionário da Junta, numa confusão de competências e dinheiros que qualquer força partidária veria à distância que traria problemas de incompatibilidades várias e graves. Com a junta em dificuldades para gerir as suas receitas, em grande parte devido ao vergonhoso e ganancioso processo movido pela família Calado, tomou-se um conveniente caminho da opacidade invés da transparência. Por mais galhardetes que agora Fernando Horta lance ao seu sucessor, revelando o seu lado despesista e em benefício próprio, não deixa de ficar claro que são ambos água da mesma lagoa e que, numa freguesia com tanto potencial, a melhoria das condições de vida dos seus eleitores nunca esteve no topo das suas prioridades. Não é só neste caso da infeliz e incauta freguesia da Foz do Arelho, que o MVC e o PSD local são as duas faces da mesma moeda, mas essa reflexão fica para outra altura.
Mais de um ano antes de falecer, Miguel Portas abriu um debate no BE em que defendia uma passagem de geração a outros quadros do partido. A renovação fez-se com os resultados hoje conhecidos, em benefício do partido e sobretudo da actual maioria parlamentar. Cá por Caldas e pelo distrito há pessoas que ainda não perceberam que não têm futuro a representar o passado.