Um dos maiores problemas dos partidos de poder autárquico foi transformarem-se em centrais de gestão de carreiras dos seus principais protagonistas. Nas Caldas da Rainha isso é bem visível e nem é preciso saber a composição das listas à CM e à AM para adivinhar os nomes cimeiros de cada lista. Nada de mal, dirão alguns, é apenas o normal funcionamento dos partidos. Não fosse o reverso da medalha e estaria tudo bem. Só que o reverso da medalha é justamente onde está o “busílis” da questão: estes partidos de poder, com este tipo de funcionamento, estão “congelados” e impedem a entrada, e muito menos, a ascensão de novos protagonistas e novos valores. E encontram-se mais rígidos e mais empedernidos se estivermos a falar de gente com capacidade, “pelo na venta” e criatividade.
Há dias em Alvorninha, no encerramento de um torneio de futebol, onde o presidente da Câmara e o vereador do desporto estavam (obviamente…) a entregar os troféus aos participantes, o presidente da junta local, no seu curto discurso (valha-nos Deus…), não hesitou a fazer um pedido aos representantes máximos do município: um novo piso para o pavilhão desportivo D. José Policarpo, onde decorreu o torneio. Certamente uma petição justa, para um pavilhão que já leva 12 anos de uso. Pelo ligeiro incómodo do autarca mor, a coisa nem parece ter sido combinada… Até aqui tudo bem. Não fosse uma pequena questão, que gostaria de deixar aqui enunciada e dirigida aos senhores autarcas então presentes, como a toda a freguesia de Alvorninha: não seria mais certo, mais adequado e até oportuno, reivindicar a impermeabilização da barragem hídrica? Construída há anos, inaugurada com pompa e circunstância, pelos então Primeiro-Ministro Santana Lopes e Cardeal Patriarca D. José Policarpo, natural da freguesia, se não pelo primeiro talvez pelo segundo, esta barragem devesse merecer outra atenção pelos poderes locais. Pelos vistos a memória do Cardeal está melhor defendida por um pavilhão desportivo, com um novo piso de preferência, que isso de barragens para aproveitamento agrícola, turístico e energético parece ter pouco interesse. E a freguesia lá se continuará assim a despovoar, a cada ano que passa. Com a ausência do BE na AM, durante o actual mandato, este assunto passou ao esquecimento. O que foi uma pena, sobretudo para a população da freguesia de Alvorninha.
Na nossa passada crónica, relembrámos aqui dois projectos estruturantes para o concelho, que o BE propõe desde há dois mandatos. Um deles até foi agora apresentado em plano estratégico, encomendado a uma empresa, que é o que fazem os partidos, e as autarquias, que afastam as mentes criativas das suas fileiras: quando precisam de ideias, compram. Vão ao “mercado” como quem vai ali à praça da fruta ou à praça do peixe, e compram assim uns formatos jeitosinhos e prontos e embalar em reluzentes candidaturas a fundos comunitários.
Regressemos aos projectos estruturantes. Esta é a matéria com que se transforma uma comunidade e um território. A cada quatro anos os partidos políticos apresentam um programa com que se propõem apelar ao voto dos seus conterrâneos, e a seguir governar os destinos do município e das freguesias. Cada programa deve trazer um conjunto de projectos que, pela sua valia estratégica, promovam as transformações que favorecem a maioria da população e façam avançar a vida da comunidade, enquanto colectivo que partilha um destino. O programa do BE às próximas eleições autárquicas não deixará de incorporar esse projectos transformadores que nos façam sonhar um novo território, com mais e melhor emprego e habitação acessível a todos.