“Caixa Negra” para discutir a Cultura nas Caldas e apresentar novas ideias

0
665

O “Caixa Negra – Reflexão sobre cultura na cidade” é uma iniciativa de Mariana Calaça Baptista que surge no âmbito do mestrado de Gestão Cultural, que está a frequentar na ESAD das Caldas da Rainha, e que pretende desenvolver um plano de ação e uma estratégia “para resolver uma série de situações que existem no território”, neste caso, Caldas da Rainha.
O que se pretende é constituir um grupo de reflexão, de forma a “ouvir e pensar como várias pessoas da comunidade sentem a cultura da cidade, e quais são as suas expectativas de futuro para uma cidade de sonho”.
O projeto surge na disciplina de Estudos Urbanos, ministrada pelo professor João Bonifácio Serra, o qual lançou o desafio aos mestrandos de “pensar a cidade de sonho”. Numa segunda fase deste trabalho, e depois de uma abordagem mais conceptual, Mariana Calaça Baptista quis aproveitar a sua experiência na área da Arquitetura e inspirou-se num projeto do arquiteto Graça Dias, em Lisboa, que deu origem a um programa de rádio e a um livro, intitulado “Ao volante pela cidade”.  Neste programa, Graça Dias seguia pela cidade no banco de trás de um carro, conduzido por vários arquitetos convidados a quem entrevistava, sobre a evolução urbana de Lisboa e o seu efeito nos cidadãos.
A segunda fase do “Caixa Negra” será criar um plano de ação que analise estratégias e que faça uma diferenciação do que é valor que cada um acrescenta, podendo criar parcerias e sinergias entre eles.
Nesse sentido, está prevista a realização de várias mesas-redondas – a primeira das quais teve lugar a 6 de Fevereiro – onde se procurará discutir a melhor forma de atuar no terreno. “A operacionalização no terreno, se tudo correr bem, será feita através da partilha e do envolvimento das pessoas que queiram colaborar, até porque ainda não existe financiamento para o seu desenvolvimento”, explicou.
Mariana Calaça Baptista é natural de Portimão, mas viveu em Alcobaça quando era criança até aos  nove anos, altura em que se mudou para as Caldas da Rainha, onde teve professores que a influenciaram muito no percurso que veio a ter na área da Cultura. Formou-se em Arquitectura, viveu em Madrid seis meses onde se especializou na área de Rehabilitacion arquitectonica y Urbana, tendo posteriormente trabalhado na Direcção-Geral de Edifícios e Monumentos Nacionais durante 5 anos, até que se mudou para Óbidos onde trabalhou num estabelecimento de turismo rural. “Foram cinco anos muito intensos, onde vivia em regime de internato e isolada da vida nas Caldas”, contou.
“Era como se tivesse emigrado porque, embora estivesse em Portugal, vivia rodeada de estrangeiros”, adiantou. Esse convívio com turistas estrangeiros fez com que se sentisse a viajar pelo mundo inteiro, com visões muito diferentes ao nível da política, economia e cultura.
Este trabalho proporcionou-lhe uma nova perspetiva global sobre o que é “pensar a região Oeste e oferecer conteúdos a quem nos visita”.
Em 2015 mudou-se para as Caldas da Rainha, tendo ficado surpreendida com eventos como o Caldas Late Night pelo impacto que têm. Foi nessa altura que começou a pensar na necessidade de sentar à mesma mesa os vários intervenientes da vida cultural das Caldas e coloca-los a trabalhar numa estratégia comum.
Na primeira reunião de plano de ação lançaram-se vários desafios de ideias e será assim até ao final de Junho, com a ideia de fazer um plano de ação por mês, onde se espera que com a contribuição de todos os intervenientes se possa construir uma estratégia para a cidade que será devidamente comunicada no grupo público do Facebook de nome “ Caixa Negra, reflexão sobre a vida e a morte da cultura da cidade” e com o intuito de comunicar ao município a devida estratégia ou encontrar fontes de financiamento para projetos de cidadania.
“Vamos todos juntos neste projeto, porque a cidade é de todos e somos todos chamados a fazer parte de um futuro melhor”, conclui a autora do projeto.

Mariana Calaça Baptista