CAPITAL PSICOLÓGICO | O próximo grande investimento das empresas: Saúde e Bem-Estar no Trabalho

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Gazeta das Caldas
Mara Correia Especialista em Psicologia do Trabalho e das Organizações

Ocupamos a maior parte do tempo do nosso dia-a-dia com trabalho, não apenas fisicamente, mas uma boa parte do nosso mindset. As preocupações, questões, desafios e mudanças associados ao trabalho levam-nos, quase sem querer, a pensar nele mesmo quando não estamos on. Simultaneamente, e com todos os desafios colocados às próprias empresas – e ao próprio sector público – há um crescente nivelamento no sentido da melhoria contínua, da qualidade, do desenvolvimento e da inovação.
Não há dúvidas sobre isto e há muito que a investigação o corrobora – as pessoas são o maior e melhor ativo numa organização. Como referiu Ricardo Parreira (CEO da PHC Software) esta semana na Human Resources Portugal, a felicidade é um fator de extrema importância numa organização, porque tem um papel muito significativo no desempenho e, também como a investigação nos diz, tem um papel muito importante no compromisso para com a organização – no que diz respeito aos seus valores, à sua missão e visão.
A felicidade, sendo uma das três componentes estudadas do bem-estar individual, tem um efeito positivo na forma como as pessoas gerem e reagem ao stress e na motivação, e diminui o absentismo e a rotatividade. Este último resultado tem uma ligação direta ao desafio atual (já referido nesta rubrica) da gestão de talentos nas organizações.
Existem atualmente em Portugal ferramentas aferidas para a nossa população que medem o bem-estar organizacional e que permitem oferecer um feedback bastante sistemático sobre o estado da organização, incluindo com análises sistemáticas de variáveis perviamente definidas – como a idade, a experiência profissional, as habilitações literárias, o género, a remuneração salarial, entre outras. Com este trabalho podem estabelecer-se várias linhas de ação, que resultam das evidências identificadas e que, com base científica, permitem planear ações que promovam a saúde – aqui falamos de saúde mental, essencialmente – no contexto de trabalho.

Com base na investigação epidemiológica realizada em Portugal nos últimos anos, o Programa Nacional para a Saúde Mental salienta o aumento muito significativo de perturbações associadas ao stress e ansiedade, prevendo que, até 2020, sejam levadas a cabo – entre outras ações da especialidade, ações informativas e outros eventos de reflexão sobre este tema da saúde em contexto laboral. Até ao momento, no nosso país, e no âmbito deste plano, foram realizadas duas ações específicas sobre o tema, no país.
A acompanhar os números estatísticos, as evidências levantadas e as diretrizes de entidades como a Organização Mundial de Saúde, muito em breve este trabalho começará a ser feito no terreno, dando espaço a uma crescente sensibilidade por parte das organizações – uma crítica mudança cultural face ao cenário real presente – e ao desenho de ações que melhorarão a nossa qualidade de vida, enquanto pessoas.

Mara Castro Correia
Especialista em Psicologia do Trabalho e das Organizações
maracastrocorreia@gmail.com

 

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