1º Lembrar o passado
As Caldas da Rainha tiveram a sua origem e desenvolvimento graças à existência do hospital.
Nas Caldas foi construído um dos primeiros hospitais termais do mundo, que deu ele próprio, o nome a esta cidade.
Nas Caldas foi constituído o primeiro Centro Hospitalar do país.
Até hoje o hospital das Caldas cresceu em termos de valências médicas e importância clínica.
Sempre esta cidade foi considerada uma cidade hospitalar.
A atração turística e a importância das Caldas está apenas na cidade hospitalar que somos e não no betão construído à volta dos seus Hospitais.
2º Falar do presente
Espero que os políticos eleitos por quase todos nós, não venham a ser lembrados como os primeiros que permitiram o princípio da decadência deste hospital e, talvez, o seu fim.
Espero também que não sejam os primeiros políticos que obriguem os futuros caldenses a nascerem noutro concelho.
Começo por vos perguntar se já se informaram sobre as capacidades físicas do Hospital de Torres para poder receber a cirurgia, a ortopedia e não sei o quê mais, atualmente instaladas no Hospital das Caldas.
Sei que esse espaço é menor e mais velho do que o do Hospital das Caldas. Sei também que o espaço físico onde funciona a urgência é pequeno e muito, muito mau.
Tem esse hospital camas suficientes para caberem os doentes da área de influência do Hospital das Caldas? O que eu sei é que o número de camas após o previsto fecho do Hospital pneumológico do Barro, é inferior ao do CHON.
Não vos assusta o hospital de Loures ter mais espaço e estar apenas a 17 minutos de Torres, mas a 79 Km das Caldas?
Dirijo-me agora directamente aos políticos do PSD e CDS do Oeste Norte, pedindo-lhes para seguir o exemplo do Primeiro-ministro que, como afirmou há pouco Marques Mendes, põe em primeiro lugar o país e depois o partido.
Se seguirem este exemplo vão colocar em primeiro lugar o concelho deixando de defender que as perdas das valências no CHON são inevitáveis. E não poderão defender que a perda de valências do nosso hospital é uma medida inevitável “por causa da Troika”.
Vão então pensar que, se queremos poupar e continuar a ter bons cuidados de saúde (e claro que temos de o fazer!) o caminho só poderá ser a criação de um único hospital na região Oeste que servirá as zonas de influência do Hospital de Torres e das Caldas.
Ora esse hospital quando for feito, terá que ser central à área da sua influência, a alguns quilómetros a norte de Torres. Não luto pelo local onde será construído, luto para que o seja e o mais rapidamente possível, pois sei que uma política de saúde pensada a médio prazo vai obrigar à sua concretização.
Então porquê irem colocar o grosso das valências numa região afastada do centro da área geográfica de intervenção?
Não tenho partido político e muito menos filiação partidária e a única coisa que me faz criticar o PSD e o CDS é o sentir que as pessoas desses dois partidos, ao aceitarem como dizem a inevitabilidade da perda das valências, estão a enganar as pessoas que os elegeram, permitindo a ida de cuidados de saúde para longe da área de residência dos seus eleitores, medida que, ainda por cima, irá trazer mais desemprego para a nossa região.
Senhores políticos, o momento é de uma gravidade extrema. Não pensem nos partidos mas nos eleitores, que não são tolos e distinguem bem os que lutam dos que só falam, só criticam e nada fazem.
Se nada fizerem, partidos políticos e forças vivas do Oeste, para que em unanimidade continuem esta luta em prol da nossa saúde e do nosso hospital, sofrerão as consequências políticas e históricas da vossa falência.
3º E o futuro?
A VMER, o nosso 112, deixa as Caldas e vai para Torres, já pensado pelo governo?
Fecho do hospital de Peniche, já pensado e acertado pelo governo.
Fecho do Hospital de Alcobaça, já pensado pelo governo.
Fecho do Hospital das Caldas num futuro próximo.
Ou seja:
Se várias valências saírem do hospital das Caldas claro que vai ser mau para todos nós no Oeste, o CHON é o maior empregador do Oeste Norte.
Se o governo verificar que é fácil tirar algumas valências, que importância tem tirar umas e não tirar todas? Tirando todas poupa mais, um hospital fechado é o ideal para gastar menos.
Com o Hospital de Torres a ter a maioria dos cuidados e o Hospital de Alcobaça a 75 Km de Torres, os doentes de Alcobaça terão de ir para Leiria que está apenas a 36 km.
Os partos de Alcobaça irão também para Leiria e como os de Torres já vão em parte para o Hospital de Loures, iremos ficar na zona Oeste com menos de 1500 partos, número mínimo para que se mantenha a maternidade, vislumbrando-se assim o fim dos serviços de ginecologia e obstetrícia e o fim dos partos nas Caldas.
Mas as medidas economicistas não vão terminar aqui. Prevejo que a Troika exija que, tendo em conta o prejuízo do Hospital de Torres, as valências desse Hospital passem para o recente Hospital de Loures, com mais espaço, maiores e mais modernas instalações e que está a uma distância de 37 km e a cerca de 17 minutos por auto estrada de Torres.
A drenagem das especialidades de Torres irá para o Hospital de Vila Franca de Xira que dista 37 km de Torres e que também acabou de ser construído, tendo que ser rentabilizado.
Ora, como Caldas está a 44 km de Torres, será Loures, um hospital maior, o preferido pela população de Torres, que está farta do seu velho hospital, caso não se venha a construir um novo hospital no centro geográfico da zona Oeste.
E enquanto este não for construído, as valências que deixarão as Caldas acabarão por ir, primeiro para Torres e depois para Loures, a 79 km de Caldas. Se nada for feito, será onde de futuro nos iremos tratar.
Políticos do Oeste Norte:
Vocês só têm uma direção a seguir que é a união de todos, deixando-se de querelas partidárias, que neste caso não fazem qualquer sentido, pois o momento é muito grave e como parece que ainda nada está decidido e apenas em estudo, ainda podem corrigir o que atrás está exposto. Devem lutar juntos em prol da população das Caldas e dos concelhos contíguos.
Os presidentes das câmaras e políticos do Oeste afetos ao governo têm que saber dizer não ao Ministério da Saúde e lutar pelo vosso eleitorado. Têm que colocar em primeiro lugar o Oeste e só depois os partidos. Foram eleitos para fazer por nós o melhor e aqui o melhor é, sem dúvida, impedirem o esvaziamento do nosso hospital o que poderá ser o princípio do seu fim.
Caso não o façam contribuem para a futura união Centro de Saúde/Hospital, ficando o Oeste apenas com Centros de Saúde nas Caldas, Alcobaça e Peniche.
Reclamo a vossa reflexão sobre este problema que nos afeta a todos, hoje, e as gerações futuras.
A população do Oeste tem que ter a convicção de que os nossos eleitos defenderão os nossos interesses.
Caso contrário, a História julgar-vos-á.
António Gaspar