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“Divinum est opus sedare dolorem” – É obra divina aliviar a dor (Hipócrates)

A dor é um problema transversal a toda a Humanidade, atormentando o homem e despertando o interesse das mais antigas civilizações. Foi considerada castigo dos deuses, de forças maléficas, de maus espíritos… e tratada recorrendo a magia, amuletos, práticas religiosas, plantas, etc.
A Internacional Association for the Study of Pain (IASP) define a dor como “uma experiência subjetiva, sensitiva e emocional, desagradável, associada a uma lesão tecidular real ou potencial, ou que é descrita em função dessa lesão”. Quem nunca experienciou, em alguma altura da sua vida, uma dor? Um traumatismo, uma queimadura, uma dor de dentes, uma cólica? A dor é reconhecidamente a principal causa que nos leva a recorrer aos cuidados de saúde e um importante sintoma a ser devidamente enquadrado pelos profissionais de saúde em determinados contextos clínicos. É um “sinal” de alarme de que podemos estar na presença de uma lesão ou disfunção orgânica. Contudo, o seu tratamento não deve ser negligenciado ou protelado. É um direito dos doentes e um dever dos profissionais de saúde. Concorre para a humanização dos serviços de saúde, devendo respeitar a dignidade do indivíduo e os códigos de ética, morais e sociais estabelecidos.
A dor aguda tem início súbito e limitado no tempo. Pode ter origem em estímulos externos ou internos, como tradução de doença ou mau funcionamento de órgãos (enfarte agudo do miocárdio, apendicite ou pancreatite aguda, por exemplo). A dor aguda também pode ser provocada pela intervenção dos profissionais de saúde para procedimentos de diagnóstico (colheitas de produtos biológicos ou biópsias) ou terapêuticos (administração de medicamentos ou mesmo a que resulta de uma intervenção cirúrgica).  O trabalho de parto considerado frequentemente como a experiência mais dolorosa, desde o início da Humanidade e uma “fatalidade” para as mulheres grávidas – “… darás à luz com dor os filhos…” (Genesis III, 16-20) durante séculos – é hoje um período absolutamente controlável recorrendo à analgesia do trabalho de parto, utilizando técnicas farmacológicas (de que a epidural é a mais eficaz) ou não farmacológicas. O estudo da dor e o seu tratamento, até muito recentemente, pouco foi ensinado nas escolas médicas de todo o mundo, talvez devido ao seu caracter subjetivo. Felizmente este paradigma foi ultrapassado. À luz dos conhecimentos atuais podemos estabelecer estratégias terapêuticas mais eficazes. Também se compreende melhor o facto de a dor ser mínima, nos primeiros momentos após uma agressão, em situações de muito stress ou durante a prática desportiva. Uma investigação coordenada pelo psicólogo Richard Stephens, realizada na Universidade de Keele, no Reino Unido, verificou que indivíduos suportavam melhor uma dor aguda inesperada se gritassem espontaneamente palavrões. Contudo esse efeito analgésico se perdia se a vítima fosse utilizadora habitual deste tipo de baixo calão. A importância desta problemática está no reconhecimento da dor como o 5º sinal vital, juntando-se aos clássicos – frequência respiratória, frequência cardíaca, pressão arterial e temperatura corporal. (Circular Normativa nº 9 da DGS – 14/06/2003).

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