José Luiz de Almeida Silva
Os resultados das eleições do passado domingo foram surpreendentes, contrariando todas as expetativas e anulando sondagens, opiniões da maioria dos comentadores mais abalizados, parangonas de primeira página dos principais jornais e das aberturas de telejornais, pintando afinal o país de rosa. A região, com exceções, não fugiu à regra e inclusive o sempre eterno círculo eleitoral de Leiria obstinadamente laranja, tal como o célebre cavaquistão de Viseu, se transfigurou em rosa, para espanto de todos.
Os próprios socialistas foram surpreendidos pelo inesperado resultado, que castigou inexoravelmente os ex-aliados da geringonça, que, num caso, não compreendeu a realidade da evolução histórica eleitoral do país e, no outro, cometeu uma infantilidade do maximalismo esquerdista, que nos tempos atuais se paga duramente com um fracasso eleitoral. À direita, os democratas cristãos locais acompanharam o deslize progressivo do partido nacional que perdeu referências e lideranças, e se envolveu em disputas inconcebíveis, passando provavelmente muitos dos seus eleitores para os emergentes liberais e para o auto-radicalizado Chega.
Com bazuca e maioria absoluta, espera-se que os socialistas não se deslumbrem uma vez mais e deitem a perder a confiança que lhes foi dada pelos portugueses, fartos de pandemia e de polémicas sem conteúdo. Os portugueses, com estes resultados, pareceram querer demonstrar que estão fartos de polémicas insensatas e de vaidades de pseudo-protagonistas que apenas contentam os seus apaniguados.
Será que nos próximos quatro anos não vamos ser penalizados, para o bem ou para a mal, com as consequências desta maioria absoluta inesperada em que os vencedores não saibam ter a humildade e a parcimónia na sua atuação? Façamos votos que tenham aprendido! ■