Há uns anos, uma ideia peregrina de deslocar os bares da Avenida Marginal da Foz do Arelho para junto do areal, estava prevista. Heis que em 12 de junho de 2021 no INATEL, com pompa e circunstância, “o mostrengo que está no fim do mar, na noite de breu ergueu-se a voar”, ou seja, Pedro Mendonça retoma o assunto defendendo a referida deslocação, que apresenta embrulhada na frase ridícula: “Os espaços terão um aspecto quase transparente, integrado na paisagem”. Sobrou para Tinta Ferreira, o papel ingrato que comparo ao de quem anuncia a morte de um ente querido a um familiar muito chegado (neste caso a morte do bom-senso), de dizer que esta era uma “obra muito desejada pela população”, à falta de melhor embuste porque quanto eu saiba, não houve nenhuma consulta à população. Espero ter lido bem, de que este processo está a aguardar o parecer das Autoridades do Ambiente, as quais não tenho grandes dúvidas, tomarão a única decisão inteligente possível, que é um veemente chumbo. É por enquanto só uma esperança.
A isto acrescento a falta de consideração tanto pelos proprietários como pelos funcionários dos bares, que dependem economicamente do seu normal funcionamento, caso tenham a infelicidade destes serem inundados e ficarem feitos em cavacos. Para além disso, não se ouviu uma única palavra sobre a forma de os compensar, no tempo em que decorrerem as obras. Era o mínimo que deviam ter feito, para além de os terem ouvido, antes de pensar ir aos nossos bolsos gamar uma pipa de massa no projecto da referida obra. Vamos todos pagar vamos, como é costume. Faz-me lembrar os estádios às moscas onde foram investidas as nossas parcas economias.
Será possível os autarcas do Município e da Junta de Freguesia que fazendo parte da mesa são cúmplices desta asneirada, terem assim a memória tão curta a ponto de se esquecerem do ocorrido em dezembro de 2009 quando o mar levou tudo à frente e chegou aos bares com uma subida de nível de 3,29 metros, e poucos anos depois partiu vidros de alguns bares e arrastou quatro carros que se encontravam estacionados na rotunda? Atenção que o fenómeno do mar galgar o areal, em virtude das alterações climáticas vai ocorrer cada vez com mais frequência e intensidade.
O meu prezado amigo Mário Pacheco é da minha opinião. Pela minha parte, resta-me sugerir que a autarquia repense e dignamente dê por encerrado este assunto.
Resposta da Câmara Municipal das Caldas da Rainha
1.O licenciamento e concessão dos bares e restaurantes da Avenida Marginal da Foz do Arelho foi efectuado a título precário e terão de ser substituídos por outros equipamentos que cumpram a lei.
2.O Ministério do Ambiente não aceita que a construção de novos bares, restaurantes e apoios de praia continuem colocados na arriba. Assim, depois de várias reuniões com técnicos da Agência Portuguesa do Ambiente, concluiu-se que a única hipótese de continuar a ter restaurantes, bares e apoios de praia na Marginal é na localização proposta, e num sistema palafítico, para poder garantir a passagem de uma eventual entrada de água que pudesse ocorrer.
3.Relembramos que o aumento de areal de praia, efectuado na década passada, impediu a entrada de água na Avenida, nos últimos anos.
4.A opção alternativa é não existirem restaurantes nem bares na Avenida, com graves prejuízos para a economia regional.