Crónica do Québec (Canadá) – Toronto e o Ontário

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Até à década de cinquenta do século passado, a cidade de Montreal foi  a cidade mais populosa e importante do Canadá e porta de entrada para todos aqueles que escolhiam este maravilhoso país para viver. Ainda hoje mantém a sede de vários organismos supra-nacionais, mas economicamente, Toronto é, de forma indubitável, a capital do país.  E foi sobretudo a partir da primeira eleição do partido independentista do Québec em 1976 que esta situação se consolidou. Lembro-me perfeitamente de, acabadinho de chegar, sentir nas ruas, a alegria do povo quebequense pela chegada ao poder do antigo jornalista, René Levesque, eleito primeiro ministro da província pelo Partido Québécois.

Como me recordo igualmente das viagens de apenas 60 quilómetros, que muitos portugueses, e de outras origens, faziam aqui ao lado até à  fronteira com os Estados Unidos, para aí depositarem em segurança as suas poucas ou muitas economias, obtidas à custa de muito suor. É que estava na mente de todos o que acabara de acontecer em 1975 aos nossos colonos de África, alguns entretanto já aqui residentes, que nos lembravam constantemente as tragédias que acabavam de sofrer. Como me lembro também da luta do governo entretanto instalado para impedir a fuga de capitais e das sedes de muitas corporações, que temem como a peste negra, situações de instabilidade política. Escusado será dizer que foi uma luta inglória, antecipadamente perdida.
Hoje Montreal é uma cidade relativamente pequena, mas talvez por isso mesmo, onde é imensamente agradável viver. Toronto beneficia de um clima moderado, relativamente a Montreal, devido à presença do Lago Ontário. Autênticos mares interiores, os 5 Grandes Lagos da América do Norte, contribuem para a amenização das condições climatéricas nas zonas marginais.
Apesar do apêlo à calma do Partido Québécois, praticamente todas as grandes instituições financeiras canadianas, têm agora as suas sedes na área de Toronto e o aeroporto de Pearson, do nome do antigo Primeiro Ministro canadiano Lester B. Pearson, no início dos anos sessenta é hoje o maior e mais movimentado do Canadá. Como outras grandes cidades, Toronto tem o seu aeroporto internacional numa, ainda há poucos anos relativamante pequena cidade dos arredores, Mississauga. É nesta cidade que grande parte da comunidade portuguesa está hoje instalada, e beneficia de condições extraordinárias para viver. Imensas avenidas, muitos e bem cuidados espaços verdes, e habitações relativamente económicas ou de custos mais elevados mas com extraordinária qualidade.
Calcula-se que a população portuguesa em toda a área metropolitana de Toronto ande à volta dos duzentos e cinquenta mil habitantes (Montreal terá cerca de cinquenta mil) pelo que há zonas na cidade onde a presença lusa se nota através dos variadíssimos comércios pertença dos nossos compatriotas, maioritariamente oriundos dos Açores. Como acontece normalmente a primeira geração destes portugueses era geralmente composta  por trabalhadores manuais, mas segundas e terceiras gerações, estão agora completamente integradas na sociedade canadiana, e ocupam lugares em todos os estratos da sociedade.
Nas pequenas cidades dos arredores em geral, como em Mississauga em particular, surpreende-me sempre a vitalidade dos nossos comerciantes, que se adaptaram a uma nova realidade, de forma a responderem às exigências de um novo tipo de clientela, que embora ainda falando algum português, é bem mais exigente em termos de serviços que não foram os seus pais no passado. O mesmo tipo de grande superficie que encontramos hoje nas Caldas, vamos encontrar em Toronto ou Mississauga, geridos por portugueses , com produtos destinados a qualquer canadiano, mas sempre com um sabor lusitano.
Sendo o Canadá um país multi-étnico por natureza, é por assim dizer, uma necessidade para os comerciantes das diversas origens saberem adaptar os seus produtos em principio destinados ao seu grupo étnico, a  clientes de outras origens.
Mas, e como noutros locais, é sobretudo pela comida que nós somos mais conhecidos. Sendo a nossa alimentação base de tipo Mediterrânica, hoje em dia autêntica moda um pouco por todo o lado e apreciada por gentes de todas as latitudes, os restaurantes portugueses estão presentes em todas as esquinas de qualquer cidade norte americana onde existam portugueses. Pode mesmo dizer-se que qualquer português que escolha as rotas de Niagara, Toronto, Otava, Montreal e Québec paras as suas férias mas avesso à descoberta de novos sabores culinários, pode continuar o regime alimentar a que está habituado.

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