Têm sido muitos os que manifestaram estranheza pelo insólito apoio financeiro e logístico concedido pelo executivo Municipal a uma acção de promoção comercial da cadeia de hipermercados Continente, envolvendo a realização de um espectáculo nocturno. Não se discutirá aqui a (questionável) qualidade musical do dito nem a do seu principal intérprete mas apenas a justificação oficial para o bizarro acolhimento de tal evento. O pretexto invocado da visibilidade mediática não colhe, dado que não se verificou, resumido a uma publicidade televisiva estática com a figura do cantor em primeiro plano, o logotipo da marca promotora e a referência, sem imagens, à cidade. Contas feitas, com o IVA, pagamento do serviço policial e outras despesas, a Câmara terá gasto cerca de 40 mil Euros. Com um investimento pouco maior, Caldas da Rainha asseguraria, por exemplo, o acolhimento de uma etapa da Volta a Portugal em bicicleta, garantidamente com incomparável reforço do impacto comunicacional e retorno económico.
A listagem das tomadas de posição inconsistentes e incongruentes, por parte desta Maioria, é longa e vem de trás, numa catadupa de trapalhadas jurídico-administrativas.
O Presidente da Câmara lamenta-se por ter sido obrigado a contrair um vultuoso empréstimo que viabilizasse honrar os compromissos assumidos pelo seu antecessor, quanto aos terrenos da EBI de Santo Onofre. O ex-autarca demarca-se, enquanto se lamenta pelo destino duma conta calada de 5 milhões destinada ao Hospital Termal, fechado há dois anos perante a passividade da Autarquia, que, sem vocação nem meios, aceitou uma transferência de responsabilidades acerca da qual o 1º-Ministro diz não saber quando é que ocorrerá.
Está em marcha um aumento da tarifa de água para os munícipes, predispondo-se a Autarquia a pagar à empresa LVT um fornecimento que lhe sai mais caro do que o obtido por meios próprios. Na Lagoa, um dos principais factores de poluição tem origem na insuficiente capacidade de tratamento da ETAR e na descarga directa de efluentes. Para resolver problemas financeiros da ADIO, a Câmara Municipal, aí preponderante, decidiu comprar o pavilhão da Expoeste cuja construção tinha propiciado e pago. Os atrasos da colocação na malha urbana das figuras da Rota Bordaliana apelam que os encaremos com os olhos da Maria da Paciência. As obras de restauro do tabuleiro da praça não respeitaram a promessa feitas de reposição do empedrado original e acabam por ser inauguradas sem candeeiros, mas em contrapartida, com bancos controversos; a peregrina ideia de, diante da fachada de um edifício do século XVIII, montar contentores de lixo, tornados pigmeus, após contestação alargada, vai a par com a fuga para a frente e o raquitismo projectual que quem os concebeu. Caldas da Rainha foi um dos seis últimos concelhos a ter Plano Director Municipal e a respectiva revisão encontra-se num impasse há, pelo menos, dois anos. O Plano Estratégico extinguiu-se sem nunca ter sido aplicado e desconhece-se como e quando será substituído por outro. Sobre o recurso aos fundos Europeus, até 2020, na área de Regeneração Urbana, só mesmo a actuação conjunta da Oposição travou a vontade dos vereadores do PSD de funcionar apenas em circuito interno, que seria sempre um curto-circuito.
Tamanha leviandade (para dizer o mínimo) decorre de uma insustentável ligeireza cuja acumulação acarreta uma sobrecarga de peso insuportável.
É que tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é facto!…