Estamos no mês de Maio e mais uma vez as ruas da nossa cidade enchem-se de bicicletas decoradas não só nas montras das lojas como também pelas ruas, aderindo a uma iniciativa da ACCCRO, que tem vindo a crescer e a trazer não só uma dinâmica de interacção entre os comerciantes e os caldenses, como também o alegre colorido que inunda várias artérias em especial do centro das Caldas da Rainha.
Na senda do meu último artigo, apraz-me dizer que esta actividade é simples, barata, traduz bom gosto, casa lindamente com o nosso Museu do Ciclismo, que tem à frente um homem fantástico, com iniciativas de grande valor que colocam em evidência a nossa história. Falo do Sr. Mário Lino com quem é um gosto conversar, pelo saber e pelo entusiasmo fluído com que partilha curiosidades dum baú de memórias caldenses que se vão perdendo. Arrisco a convidar-vos a irem à Rua de Camões para uma prosa, garanto que virão com redobrado orgulho sobre o ser caldense.
Num tempo em que as alterações climáticas estão cada vez mais em destaque, porque nos devem preocupar e pelas quais somos responsáveis, as bicicletas são um meio de locomoção ecológico acessível a quem não pode comprar veículos elétricos. A iniciativa da ACCCRO faz todo o sentido. De forma subliminar desperta-nos para uma consciência cívica que vai muito além da decoração do espaço.
Temos bicicletas, temos museu de ciclismo, temos consciência ecológica mas não temos ciclovias. O nosso município teve, há poucos anos, a sorte de ser contemplado com uma regeneração urbana. Caldas da Rainha parou, os munícipes cheios de paciência aceitaram as obras e todos os incómodos provocados pelos largos meses de reconstrução. Mas não temos ciclovias!… Que pena!
Maio é também o mês em que o nosso Parque Dom Carlos (não entendo porque lhe chamam Dom Carlos I, já que ao dizermos I pressupõe-se um II rei português com este nome, que nunca houve)… mas como estava a dizer o nosso Parque encheu-se de gente, de cores, de barulhos e cheiros para o Festival do Cavalo Lusitano. S. Pedro foi generoso e presenteou-nos com um tempo agradável. As ruas em redor sentiram o bulício de outros tempos, o que é bom, mas no momento em que estamos perante o futuro hotel de 5 estrelas nos Pavilhões estas coisas não são compatíveis com a sua existência, importa começar a pensar como resolver, porque uma unidade hoteleira de luxo, e mesmo que não fosse de luxo, não será tão complacente como os habitantes da zona, com a poluição sonora ou com os cheiros menos florais.
E porque estamos a falar no futuro hotel, também na Feira dos Frutos, pelo menos a discoteca ao ar livre que lá se instala pela noite dentro, é de todo incompatível. É que de uma vez por todas, vamos ter que saber que cidade queremos ser e ter, porque “sol na eira e chuva no nabal”, definitivamente não vai poder ser. Optar por uma cidade termal, com um hotel de alto nível, obriga a escolhas.
Maio era o mês em que tradicionalmente se abriam as portas do Hospital Termal, dando-se início à temporada de “vir a banhos às Caldas”. Curioso reparar que a maioria das terras em Portugal festejam o seu dia dedicado a um santo padroeiro, nós dedicamos o nosso dia à memória da Rainha Dona Leonor e ao Hospital Termal … que interessante!
Gosto muito de iniciar o 15 de Maio na celebração da Missa pela cidade, pelos caldenses e pelas instituições e de à tarde prestar homenagem à Rainha. É, para mim, sempre um misto de sensações, que variam entre a humildade de estar aos pés duma mulher tão grande, o orgulho de ser caldense, a irritação por nem todos se fazerem representar, a alegria de olhar em redor e ver tantos sorrisos, música, as coroas de flores que são colocadas a seus pés… é bonito!
Margarida Varela
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