Maria Conceição Pereira
provedora da Misericórdia das Caldas da Rainha
Muito se fala de pobreza, mas o que se entende por pobreza?
Ao procurarmos definição para a pobreza, esta inclui aspetos materiais e imateriais. Caso de carência de bens alimentares, de habitação com água, luz e gás, vestuário e privação de cuidados de saúde.
Podemos acrescentar a falta de acesso à educação e à cultura.
Em Portugal, mesmo com apoios sociais a pobreza atinge cerca de 1,7 milhões de portugueses e quase 2 milhões vivem em risco de pobreza.
Falamos de idosos, em que cerca de 400 mil estão em risco de pobreza, de jovens casais com pobreza envergonhada e adolescentes, em que as refeições das cantinas escolares ajudam a combater a falta de alimentos.
Um dos grandes problemas da pobreza é o chamado “Ciclo da Pobreza”, pois todos os estudos apontam para a necessidade de 5 gerações para uma família sair deste ciclo.
Muitas vezes, nos interrogamos sobre as causas que levam a esta situação, que em última instância empurra muitos casos para a rua tornando-os sem-abrigo.
Como é possível, no século XXI, que tenhamos pessoas a viver em tais circunstâncias. Isto põe em causa a dignidade humana e leva-nos a interrogar em que sociedade vivemos e o que estamos a fazer para terminar com estas situações.
Há causas diversas, tais como, a falta de habitação condigna, a iliteracia, a falta de emprego estável e as dependências.
O Presidente da República, também colocou o problema dos sem-abrigo e da pobreza na agenda do dia, e o governo apresentou, há cerca de 2 anos a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021/2030 como desígnio nacional.
Os governos, quer central e local, ao longo dos tempos, têm tido uma séria preocupação por estas situações que são silenciosas, com projetos diversos, mas ainda sem fim à vista.
Como foi referido, num recente encontro sobre esta temática, por uma técnica que trabalha diariamente com estas situações, será bom perguntarmos a cada um, não só as razões para tal situação, mas o que pretendem para terem uma vida feliz.
Recordo uma conversa com uma pessoa na situação de sem-abrigo, que o seu sonho era ser artista e poder pintar, como parece fácil dar resposta a tal desejo.
Todos nos devemos interrogar, e não virar a cara, sobre o que podemos fazer para tornar estas vidas diferentes.
Nas Caldas da Rainha, a solidariedade e a generosidade que é uma marca nossa através, da existência de diversas Associações e Instituições que intervêm nesta área, têm ajudado a melhorar as condições destas pessoas e dar-lhes esperança numa vida digna e feliz. ■