José Luiz de Almeida Silva
Assistimos atónitos ao decurso da guerra na Ucrânia, com a banalização da destruição de vidas e património, transformados em tema noticioso das grandes e pequenas cadeias noticiosas e televisivas, enchendo horas de pantalha ou páginas de jornais. É uma espécie de concurso entre ucranianos e russos, utilizando inenarráveis quantidades de armamento, cujo objetivo único é destruir, para talvez amanhã reconstruir, se bem que os ucranianos defendam a sua terra.
Historiadores lembram que a reconstrução na sequência da II Guerra Mundial teve um preço original de mais de 12 mil milhões de euros, equivalente a mais de 146 mil milhões de euros a preços de hoje, com 70 a 85 milhões de pessoas mortas. Já este mês um conjunto de especialistas reuniu-se algures para estimar o custo previsível da reconstrução da Ucrânia, cujo custo se estimará em mais de 700/750 mil milhões de euros, naquilo que pomposamente chamam o novo “plano Marshal” ucraniano.
Como poderiam ser gastos estes recursos para minimizar os problemas da fome, miséria, falta de cobertura sanitária, melhoria da educação e formação no mundo menos desenvolvido, e neste momento combater a grande ameaça decorrente das alterações climáticas, para não recordar a ameaça de novas pandemias e epidemias. Tudo isto perante a indiferença quase generalizada do mundo, que dá por inevitável estas questões, esquecendo o crime humano, ambiental e económico, que todos assistimos.
Não nos conformamos com esta situação, também, confessando, que não sabemos como resolver. A cegueira generalizada a que assistimos terá um custo irreversível incomensurável, para além daqueles que morreram injustamente. ■