Como muitos saberão, o título desta crónica remete para um jogo infantil com o mesmo nome.
Hoje vou usá-lo para falar de Saúde, mais propriamente dos chamados Indicadores utilizados em Saúde. Estes têm vindo a ser criados, quer a nível dos Cuidados de Saúde Primários quer dos Cuidados de Saúde Hospitalares, para de algum modo permitir uma melhor definição e quantificação dos objectivos a atingir pelas diferentes instituições e práticas clínicas.
Verdade que esta é uma medida importante e útil no que respeita à racionalização de recursos, à programação de investimentos, à avaliação de desempenhos, à diminuição de assimetrias, enfim a uma melhor e necessária objectivação de resultados e de planificação. Verdade que estes indicadores são instrumentos úteis para avaliar qualitativa e quantitativamente os diversos cuidados de saúde prestados.
Verdade também é que não basta haver uma boa ideia, mesmo que cheia de boas intenções, é necessário que seja cuidadosamente passada à prática. Neste caso, seria importante não perder de vista o objectivo principal, o de prestar bons cuidados de saúde, sem desperdícios desnecessários. Ora é neste ponto que surgem inúmeros problemas e assimetrias. Por razões várias e alheias às necessidades de saúde, há áreas em que foram criados vários indicadores e outras em que são praticamente inexistentes e/ou desajustados. Consequência, como as instituições e as pessoas que nelas trabalham são avaliadas em função dos indicadores existentes, isto significa que artificialmente se passou a valorizar um determinado conjunto de práticas e de procedimentos, em detrimento de outros, que não compensam em termos de avaliação de resultados e logo de orçamentos e programas de intervenção. Infelizmente este é o caso da Saúde Mental. Teoricamente todos reconhecem esta como área prioritária, mas na verdade depois não há orçamentos compatíveis.
Também a nível da articulação entre e dentro dos diferentes níveis de cuidados de saúde, os efeitos são desastrosos. Definiram-se indicadores de resultados e esqueceu-se que para a criação de uma boa e eficaz articulação é necessário que quem trabalha em saúde seja estimulado a discutir, a reunir, a falar com os diferentes parceiros. Este é um processo que também ele tem que ser valorizado e reconhecido. Consequência, mais uma contradição fatal, todos defendem o trabalho em equipa e a articulação de cuidados mas, na prática, o tempo e o espaço para a sua concretização não são de todo reconhecidos nem valorizados.
Parece que os ditos indicadores deixaram de ser instrumentos auxiliares no desenvolvimento e reforço de boas práticas, para passarem a ser um fim em si, desligados da realidade e fomentadores dum funcionamento acrítico, burocrático e pseudo racional.
Dizer a um doente que não se pode passar o exame X ou o medicamento Y, porque não se tem ordem para tal e que para isso tem que ir à consulta na instituição Z, pode dar menos trabalho do que explicar da necessidade ou não do exame, da medicação ou de avaliar da real facilidade de acesso à dita consulta. Mas na verdade só contribui para minar aquela que deveria ser uma relação terapêutica. Consequência, a perda de confiança nas pessoas e nas instituições, basilar nas coisas da saúde.
Verdade que esta é uma medida importante e útil no que respeita à racionalização de recursos, à programação de investimentos, à avaliação de desempenhos, à diminuição de assimetrias, enfim a uma melhor e necessária objectivação de resultados e de planificação. Verdade que estes indicadores são instrumentos úteis para avaliar qualitativa e quantitativamente os diversos cuidados de saúde prestados.
Verdade também é que não basta haver uma boa ideia, mesmo que cheia de boas intenções, é necessário que seja cuidadosamente passada à prática. Neste caso, seria importante não perder de vista o objectivo principal, o de prestar bons cuidados de saúde, sem desperdícios desnecessários. Ora é neste ponto que surgem inúmeros problemas e assimetrias. Por razões várias e alheias às necessidades de saúde, há áreas em que foram criados vários indicadores e outras em que são praticamente inexistentes e/ou desajustados. Consequência, como as instituições e as pessoas que nelas trabalham são avaliadas em função dos indicadores existentes, isto significa que artificialmente se passou a valorizar um determinado conjunto de práticas e de procedimentos, em detrimento de outros, que não compensam em termos de avaliação de resultados e logo de orçamentos e programas de intervenção. Infelizmente este é o caso da Saúde Mental. Teoricamente todos reconhecem esta como área prioritária, mas na verdade depois não há orçamentos compatíveis.
Também a nível da articulação entre e dentro dos diferentes níveis de cuidados de saúde, os efeitos são desastrosos. Definiram-se indicadores de resultados e esqueceu-se que para a criação de uma boa e eficaz articulação é necessário que quem trabalha em saúde seja estimulado a discutir, a reunir, a falar com os diferentes parceiros. Este é um processo que também ele tem que ser valorizado e reconhecido. Consequência, mais uma contradição fatal, todos defendem o trabalho em equipa e a articulação de cuidados mas, na prática, o tempo e o espaço para a sua concretização não são de todo reconhecidos nem valorizados.
Parece que os ditos indicadores deixaram de ser instrumentos auxiliares no desenvolvimento e reforço de boas práticas, para passarem a ser um fim em si, desligados da realidade e fomentadores dum funcionamento acrítico, burocrático e pseudo racional.
Dizer a um doente que não se pode passar o exame X ou o medicamento Y, porque não se tem ordem para tal e que para isso tem que ir à consulta na instituição Z, pode dar menos trabalho do que explicar da necessidade ou não do exame, da medicação ou de avaliar da real facilidade de acesso à dita consulta. Mas na verdade só contribui para minar aquela que deveria ser uma relação terapêutica. Consequência, a perda de confiança nas pessoas e nas instituições, basilar nas coisas da saúde.