Eu amo as árvores que dão pássaros, Ruy Belo

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Celeste Afonso
diretora cultural executiva

Este mês, evocou-se Ruy Belo! Assinalaram-se os 90 anos da sua morte para celebrar os 45 anos da sua vida!
A Biblioteca Nacional inaugurou a exposição Inesgotável Rosto que poderá ser vista até 23 de Setembro.
Fiquei feliz com esta homenagem e, enquanto percorria a exposição, lembrei-me da Teresa Belo e da sua alegria e felicidade, em 2016, quando decidimos dedicar uma casa, na Vila Literária de Óbidos, a Ruy Belo.
Quando conheci a Teresa Belo, em 2016, foi “amor à primeira vista”! Na altura, pensava que o projecto “Casa Ruy Belo” em São João da Ribeira, Rio Maior, estivesse em desenvolvimento. Quando a Teresa nos contou, com aquele riso triste, que esse projecto tinha sido remetido para as calendas gregas, perguntámos-lhe se não teria interesse em abrir a Casa Ruy Belo ali, na Vila Literária. Nunca vi olhos tão felizes! A Teresa ria, adiantava argumentos para justificar a presença Ruy Belo ali na Vila, onde ele se tinha demorado em cada loja e “perdido” em cada rua. “Ele estaria aqui como peixe na água”, rematou entre risos.
Nesse ano, o Folio dedicou-lhe um dia com a exibição do filme documental Ruy Belo, Era Uma Vez, uma exposição de fotografia do Duarte Belo e a leitura de poemas por Luis Miguel Cintra, Beatriz Batarda, Rui Horta, Fernando Centeio, Gastão Cruz, Guilherme Gomes, Ana Teodósio, Miguel Manso, Manaíra Aires Athayde, Manuela de Freitas e Teresa Belo.
De seguida, começámos a preparar o que seria a Casa Ruy Belo, residência Literária e uma extensão da Biblioteca Municipal. A Catarina Belo ficou responsável pela selecção dos 2000 livros que ocupariam as estantes da nova Casa. O Duarte Belo ficou com a tarefa de seleccionar alguns documentos. Eu, a Teresa Belo e o Zé Pinho, pensámos o espaço, a sua funcionalidade, e preparámos o protocolo de doação. O José Pereira ficou responsável pelas obras de reabilitação do espaço enquanto o Humberto Marques coordenava e agilizava os procedimentos.
A Teresa andava feliz! Estava a realizar o sonho de abrir um espaço que perpetuasse a obra e a memória do marido.
A Casa Ruy Belo só viria a ser inaugurada em meados de 2022. A Teresa não assistiu à sua abertura. Desse sonho que alimentou a Teresa nos últimos anos de vida, resta uma casa, em Óbidos, na Vila Literária, com uma biblioteca de 2000 livros, muitos anotados pelo escritor, decorada com objectos pessoais e reproduções de fotografias que imortalizam as vivências de um dos maiores escritores do século XX.
A Residência Literária Ruy Belo está fechada a maior parte do ano.■