Vítor Ilharco
Personal Trainer
O número de pessoas com cancro tem aumentado em todo o mundo, principalmente nos países mais desenvolvidos, devido, sobretudo, ao aumento da esperança média de vida. Com o fim das cirurgias ao cancro da mama na Unidade Local de Saúde do Oeste e com a recente criação de um grupo de apoio contra o cancro nas Caldas da Rainha, esta temática tem estado ainda mais na ordem do dia na nossa cidade.
Em Portugal, o número de pessoas com cancro diagnosticado nos últimos 5 anos ronda os 170 mil. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o cancro colorretal é aquele com maior incidência no nosso país, no entanto, se analisarmos por género, nos homens há um maior número de diagnósticos de cancro da próstata e nas mulheres de cancro da mama. Felizmente, à semelhança de outros países desenvolvidos, tem havido um aumento da taxa de sobrevivência ao cancro da mama. Ou seja, cada vez há mais mulheres a ultrapassarem a doença, devido à maior eficácia dos tratamentos.
No entanto, embora estes sejam dados encorajadores, surgem agora novas questões a considerar. Tratamentos ao cancro da mama, como a radioterapia, a quimioterapia ou a cirurgia, têm múltiplos efeitos adversos, pelo que o desafio, nos últimos anos, prende-se com explorar várias abordagens para os minimizar.
Há cada vez mais estudos que comprovam os benefícios da integração de prática de atividade física no tratamento e pós-tratamento desta doença. Um dos efeitos mais relevantes em mulheres com cancro da mama é a prevenção da osteoporose, muito frequente em tratamento hormonal. A prática de exercício físico ajuda também a controlar a fadiga associada aos tratamentos, que é um dos efeitos secundários que mais afeta a qualidade de vida. Ao longo dos tratamentos e após o seu término, é frequente a mulher ter uma menor autoestima, algo que é menos reportado em mulheres ativas. Por último, principalmente quando há cirurgia, ocorre alguma perda funcional do braço do lado da mama intervencionada. Uma boa prescrição de exercício possibilita enormes ganhos de mobilidade e força nesse braço.
É verdade que a população portuguesa é muito inativa e que o diagnóstico de cancro é mais uma barreira à atividade física. No entanto, a prática de exercício físico apresenta-se como terapia essencial: em pessoas saudáveis, como forma de prevenção de doenças oncológicas; após um diagnóstico, com o intuito de reduzir os sintomas da doença, os efeitos adversos do tratamento e aumento da sensação de bem-estar e autoestima; após os tratamentos, de forma a recuperar a funcionalidade nos membros superiores e ganhar massa muscular e densidade óssea.
Como sempre, o exercício pode ser um forte aliado, desde que seja bem prescrito. Se está a passar ou já passou por esta batalha, procure um profissional qualificado que a possa ajudar.. ■