Há dias recebemos do nosso Bispo, Patriarca D. Manuel Clemente, uma carta aos diocesanos, de que sublinho a sua exortação do que “faremos em conjunto”, em particular neste Ano Pastoral que agora começa e que é especialmente dedicado à missão.
Aqueles que me têm acompanhado mais de perto sabem bem como insisto na assistência sócio-caritativa, junto dos mais desfavorecidos e dos idosos. E não se pense que tal desapego exigirá a nossa disponibilidade em terras longínquas, mas pelo contrário, deve começar à nossa porta, na nossa rua, no nosso bairro. Aí há, seguramente, alguém que precisa do “teu tempo”, da “tua dedicação”.
Diz o nosso Bispo que “a insistência na ação caritativa há de levar-nos a trabalhar mais e melhor em conjunto para servir quem precisa. Detetar em cada meio aqueles que, estando mais periféricos, mais precisam de ser centralizados na nossa atenção e cuidado”. Basta para isso que cada um se disponha a ir ao encontro de quem está mais fragilizado.
Um caminho catequético feito durante alguns anos, que não assente na proximidade dos catequistas com os catequisandos e de todos em conjunto, na missão de ir ao encontro dos mais fragilizados, é uma vida de cristão sem Cristo no coração.
Não roubarás, não matarás, estes são os grandes pecados, mas a tua indiferença, que por vezes pode tomar laivos de sobranceria, mata os outros no teu coração…
Ligando “nova evangelização” e cuidado dos outros, sobretudo dos mais necessitados de procura e integração, temos então o grande desafio para o trabalho a desenvolver em conjunto neste novo Ano Pastoral. Trabalho que seja feito com ardor missionário e que crie raízes para que as novas gerações possam afirmar com alegria “sou cristão praticante!”. Assim faremos na Catequese de Adultos.
Para este trabalho conjunto, bem preparado e com forte motivação, o Papa Francisco faz uma advertência forte, que devemos levar muito em conta: «Qualquer comunidade da Igreja (…) sem se ocupar criativamente nem cooperar de forma eficaz para que os pobres vivam com dignidade e haja a inclusão de todos, correrá também o risco da sua dissolução» (Exortação apostólica Evangelii gaudium [EG], 24 de novembro de 2013, 207).
Saliento então outro aspeto, que deve ser trabalhado em família e que poderíamos designar por “ecologia integral”. Será, pois, numa partilha do conhecimento e da consciência que vamos tendo sobre as profundas mudanças no sistema económico e nos hábitos sociais. Esta é uma problemática muito mais profunda do que o simples cuidado ecológico, que já vai sendo assumido pelas várias gerações.
Até a nossa Feira da Fruta mereceu rasgados elogios pela preocupação ambiental, em gestos tão simples como o não deitar as beatas para o chão. E não é preciso ser-se cristão para compreender que a degradação ambiental fere a justiça e atinge sobretudo os mais desfavorecidos, na medida em que, como referiu Pedro Vaz Patto num recente artigo, “há uma estreita ligação entre a questão ecológica e a questão social”.
Todos somos responsáveis por todos. O homem à luz do humanismo cristão, é um ser relacionável que não sobrevive sozinho. Precisamos de, em conjunto, sentir e viver um mundo mais cheio de valor, reflexo da caridade, que é o amor que brota do coração.
Diácono JPauloRomero
Paróquia de Caldas da Rainha