Foram meritórios os esforços de fazer regressar os eventos ao Parque D. Carlos I, embora não seja alheio a isso o grande sucesso que tiveram as primeiras edições do Festival do Cavalo Lusitano do Oeste, cuja organização tem sido da Associação do Cavalo Lusitano do Oeste.
Este evento tem o cavalo como mote e o seu maior enfoque é neste animal e numa vasta economia que o rodeia. Não deixa de haver muita animação que complementa este Festival mas que não anula o seu protagonista.
A retomada da Feira da Fruta era um desejo antigo dos caldenses e aconteceu no ano passado, também após a Câmara tomar posse do Parque, tornando assim facilitada a sua utilização. E aconteceu de forma inesperada, sobretudo pelo cartaz musical. A aposta foi grande, com nomes muito conhecidos do panorama musical português e o investimento financeiro foi a condizer! Para compor o ramalhete, o preço dos bilhetes foi muito baixo e as entradas não pagaram o investimento. A Feira foi notícia! Será que pela razão certa?
Se fizermos uma análise mais alargada e pensarmos no que este evento dinamizou a economia local, vamos perceber que são precisos eventos desta dimensão na cidade pois mexe com muita coisa. Hotelaria, restauração, comércio, serviços, todos beneficiam. Estamos então perante um investimento da Câmara, sem retorno direto que apenas pode ser entendido pela visibilidade que aporta à cidade e pelo retorno indireto, ao seu tecido empresarial.
Todavia, a feira chama-se “da Fruta”. Sendo a fruta que lhe dá o nome, não é a fruta que tem a maior importância no evento porque do que mais se fala são dos espetáculos, com toda a promoção a incidir sobre o cartaz musical. Basta abrir o site (www.feiradosfrutos.pt/) para ver o foco nos artistas, sendo muito envergonhada a referência à fruta ou aos apoios de produção, misturada num texto que poucos lerão.
Se pensarmos que a exploração horto-frutícola do concelho tem um peso de cerca de 10% para a economia local, este evento deve ser mais que um festival de verão, havendo a preocupação de que a fruta seja realmente rainha na cidade da Rainha e assim, não atrair apenas quem vem com interesse em ver a Carminho ou os Xutos e Pontapés, mas também aqueles que procuram novas tecnologias de apoio à agricultura, novas técnicas de produção e tudo o mais que pode ajudar a desenvolver a exploração da fruta na região.
Um pouco mais de equilíbrio seria o desejável.
Manuel Isaac