Rita Baptista
RH Consultant
A Gestão de Recursos Humanos tem vindo a evoluir progressivamente, com particular incidência nos últimos anos, em que a tendência se inverteu, passando-se de uma gestão puramente administrativa, reduzida às tarefas essenciais ao processamento dos salários, para uma gestão qualitativa dos Recursos Humanos, propriamente ditos, com o foco na evolução profissional, na gestão da expectativa das equipas e de cada pessoa em particular.
Há um caminho longo a percorrer para se transitar para a ‘Gestão de Pessoas’, no sentido do desenvolvimento sustentável do departamento de Pessoas (e não de meros recursos humanos), com especial acolhimento do bem estar e equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Várias têm sido as estratégias para prosseguir este equilíbrio, a última das quais o projecto piloto da semana dos 4 dias, cujo resultado foi recentemente publicitado pelo IEFP, disponível em IEFP apresenta resultados do «Projeto-Piloto Semana de Quatro Dias» cujas conclusões principais são as seguintes: “41 empresas experimentam a semana de quatro dias em Portugal, abrangendo mais de 1000 trabalhadores; 95% das empresas avaliam positivamente o teste até agora; em média, a semana de quatro dias envolveu uma redução das horas semanais de 13.7%; 58.5% das empresas proporcionam um dia livre por semana; 41.5% optaram por uma quinzena de nove dias; Frequência de sintomas negativos a nível de saúde mental diminuiu significativamente; Níveis de exaustão pelo trabalho reduziram-se em 19%; Percentagem de trabalhadores que sente ser difícil ou muito difícil a conciliação entre trabalho e família desceu de 46% para 8%.”
Ora, a par deste tipo de iniciativas, verifica-se que o tecido empresarial se encontra receoso face à conjuntura internacional que se reflecte, necessariamente, no mercado de trabalho, pelo que importa analisar as tendências que unanimemente são indicadas pelos principais interlocutores em matérias de Recursos Humanos, para o próximo ano:
– O papel primordial da tecnologia: Cada vez mais a gestão de RH vai assentar em mecanismos que agilizem processos e procedimentos. Quer ao nível da automação de processos de RH, à inclusão da Inteligência Artificial em algumas das tarefas deste departamento, como seja o recrutamento, ou mesmo ao recurso a softwares de gestão mais abrangentes (formação, avaliação de desempenho, assiduidade, etc) que permitam suportar uma verdadeira gestão qualitativa de Pessoas;
– O foco nas Pessoas: As estratégias de retenção, apresentando elementos motivadores que se destaquem da mera compensação salarial e que permitam um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, as Pessoas, cada vez mais, procuram experiências distintivas e não um mero “trabalho”. É necessário prosseguir estratégias que garantam não só a formação contínua, como um verdadeiro desenvolvimento profissional das equipas.
– Alternativas ao formato tradicional de trabalho. Uma tendência que veio para ficar, após a pandemia, foi o trabalho remoto ou em formato híbrido, que se manterá em 2024.
– A análise de dados em RH. Cada vez mais esta será uma tendência. A importância de recolher dados sobre os trabalhadores e equipas que cabalmente permitam a tomada de decisões e medidas preventivas para uma gestão mais eficiente dos Recursos Humanos, não apenas reactiva, mas antes de antecipação, mormente no que diz respeito à rotação de pessoas, mas não só.
– Novas temáticas . Sente-se também uma abrangência de temas que se relacionam com os Recursos Humanos e que cada vez mais estão a ganhar sentido, nomeadamente a Saúde mental no local de trabalho, a Sustentabilidade e a Responsabilidade social em RH. ■