Das Caldas ao Oeste | A maioria da inércia instalada

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Votar para mudarAproxima-se o mês de agosto, quando a maioria dos portugueses vai a banhos  ou para o campo,  para gozo de umas merecidas férias nas suas actividades de trabalho diárias. As férias são um tempo e um espaço de relaxamento do corpo e do espírito, por exemplo através do exercício físico e da leitura. Mas são também um momento para fazer uma reflexão sobre o passado e o futuro, não só pessoal e familiar, mas também colectivo. Ao nível local, é também útil fazer uma reflexão sobre a política autárquica dos últimos 4 anos, considerando que no próximo dia 1 de outubro irão decorrer as eleições gerais dos órgãos representativos das autarquias locais para um novo mandato político.

Nas Caldas da Rainha, onde vivo e trabalho, o panorama político actual é ainda o de uma democracia imperfeita e incompleta, com a mesma maioria absoluta e os mesmos protagonistas do PSD a governar os destinos do nosso concelho e cidade nos últimos 30 anos.Sem alternância democrática, fica mais pobre a nossa cidade e concelho! Os vícios instalam-se. Com a consolidação ao longo dos anos do poder desta maioria, instalou-se também uma inércia na sua ação a todos os níveis da vida social e económica, nomeadamente ao nível do planeamento das políticas locais. Planear é antecipar o que poderá acontecer, implementando e gerindo as ações que minimizem os problemas negativos e valorizem as oportunidades e factores positivos de desenvolvimento económico e social. Mais importante do que os planos é o planeamento, isto é, a gestão e implementação das ações previstas nos planos, articulando-as entre si. Nas Caldas da Rainha continuamos, em larga medida, sem planos nem planeamento! O Plano Diretor Municipal (PDM) está num processo de revisão há mais de 10 anos, sem um fim à vista, tendo as Caldas da Rainha sido dos últimos concelhos portugueses a ter um PDM aprovado, com todos os prejuízos sociais e económicos que isso causou na altura, nomeadamente termos ficado de fora do Programa Polis e dos fundos comunitários de apoio. O Plano Estratégico foi agora finalmente elaborado, depois de 4 anos sem estratégia definida e de muita insistência por parte dos partidos e grupos da oposição. O Plano de Pormenor do Centro Histórico continua na gaveta, sem eficácia nem articulação com as políticas de reabilitação urbana, nomeadamente o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU) e a delimitação das Áreas de Reabilitação Urbanas (ARUs). Outros planos foram pagos a entidades externas e depois cancelados por ausência de utilidade.
Nas últimas eleições autárquicas de 2013 foram definidos pela actual maioria três promessas para estes últimos quatro anos: a) Linha do Oeste moderna; b) Lagoa de Óbidos desassoreada; c) Termalismo a funcionar. Está quase tudo por fazer! É certo que muitos destes objectivos dependiam em larga medida do Estado Central, mas as Caldas da Rainha deveriam exercer uma liderança política muito mais forte nestes domínios, não só através do discurso, mas também da ação esclarecida de políticas inovadoras, que consolidem a sua centralidade territorial.
Outra consequência gravosa desta inércia instalada da maioria que tem governado as Caldas da Rainha é o crescente aumento da abstenção (53%), que faz também aumentar a inércia e a estagnação política, favorecendo o partido incumbente que está no poder. Para motivar os Caldenses a votar na desejável mudança é necessário que os partidos passem do discurso para a ação, através do compromisso político com os Caldenses nas suas propostas alternativas de desenvolvimento económico e social! Há sempre uma alternativa à maioria da inércia instalada!

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