O mais recente livro de Manuel Simões (n.1933) indica na capa um resumo («contos, crónicas e afins») e tem 131 páginas. Poeta, ensaísta, tradutor, Manuel Simões tem sido editor («Nova Realidade»), jornalista (Revista «Vértice»), professor no ensino secundário (Escola Veiga Beirão) e nas Universidades de Bari, Veneza e Florença, sendo fundador a Revista «Ressegna Iberística» em Veneza no ano de 1978. Os contos são cinco, as crónicas são onze e a marginália inclui dezoito textos sobre vários temas e autores: Futurismo, Guerra Colonial, Revistas «Vértice» e «Sol Nascente», Alberto Pimenta, Luís Filipe Barreto, Guilherme de Azevedo, Soror Violante do Céu, António José Saraiva, Giuseppe Tavani, Padre António Vieira, José Cardoso Pires, Infante D. Pedro (das sete partidas) , Franco Menegalli, Luís António Verney, Ana Hatherly e António Mega Ferreira.
Como convite à leitura fica um excerto da crónica sobre a cidade de Veneza: «Veneza é uma cidade de contrastes. Parece-nos, à superfície, a mais cosmopolita das cidades histórias mas, conhecendo-a no seu respirar mais íntimo, revela-se no seu provincianismo inesperado, no seu mau gosta dos objectos propostos como «lembranças» que atraem o turista da classe média, sem capacidade para exercer uma «crítica do gosto». De qualquer modo não é a cidade ideal pata se viver: o clima é frio, húmido, com os longos dias (ou semanas) de nevoeiro intensíssimo de Outubro a Abril, quente e asfixiante no Verão; e há ainda os turistas que preenchem completamente as ruas e as praças («campi»), cada vez em maior número, o que não permite uma liberdade de movimentos. Estes são, porém, os turistas que a visitam mais demoradamente, porque a maior parte, a dos grupos de agências de viagens, dorme em Mestre por ser mais económico, é conduzida de autocarro até à entrada da cidade, metida nos «vaporetti» até S. Marcos, visita a praça, a basílica e às vezes o palácio, regressa a Mestre passado pelo Canal Grande e parte de novo para outro destino: Veneza está vista.»
(Editora: Colibri, Capa: Raquel Ferreira)