Quando há cerca de três anos apresentei publicamente um estudo, para a construção de um novo Hospital que sirva o Oeste, assim como da sua possível localização, houve quem me acusasse de ter defendido um novo Hospital, que, embora muito próximo de Caldas da Rainha, se localizaria ainda no concelho de Óbidos, sendo eu caldense. Até hoje ninguém me provou estar errado, nem ousou apresentar outra solução que resolvesse o gravíssimo problema.
Não desisto.
Defendo, como sempre defendi, que a gestão dos territórios não pode ser limitada por supostas fronteiras concelhias, pelo contrário, é cada vez mais agregadora. O tempo das “capelinhas”, é passado, entendamos.
Não foi com base em raciocínios bairristas, ou de visão umbilical, que concluí sobre a localização que apresentei. Pelo contrário, foi com base em parâmetros de avaliação concretos, de distâncias físicas e temporais relativamente ao território e populações a abranger, às distâncias dos hospitais envolventes, às acessibilidades, etc…. Um hospital, localizado na confluência das principais vias de comunicação, como a A8, a A15, o IP6 e a Linha do Oeste, futuramente eletrificada e com possibilidade de servir o hospital com um apeadeiro próprio, tem as condições ideais para construir esta infraestrutura fundamental.
Há vários anos se constata a evidência de que os “hospitais?” que compõem o Centro Hospitalar do Oeste, não servem as populações de forma eficiente, moderna e civilizada. Porque os hospitais de Caldas da Rainha, Torres Vedras, Peniche e Alcobaça, são velhos, obsoletos, caducos, com “lay out (s)” remendados, que não permitem acrescentos. Já na altura, personalidades como o ex Diretor Clinico do CHO, António Curado e o ex Ministro da Saúde, Adalberto Campos, defendiam um novo Hospital para o Oeste, como solução única para o problema. Ministro esse que chegou a desafiar os autarcas do Oeste a entenderem-se. Ele sabia que eles não seriam capazes.
Começa agora a perceber-se que não é mais possível adiar o inadiável. Foi há um par de semanas que o Presidente da Câmara de Óbidos veio defender a construção de um novo hospital, “independentemente de localizações”, disse ele. Agora, foi numa reunião, por iniciativa da Comissão de Utentes, em que participou a Administração do CHO e os presidentes das Câmaras de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral e Torres Vedras. Ao que parece existe unanimidade, ufa… finalmente, sobre a necessidade de um novo Hospital para o Oeste, “independentemente da localização”, também disseram eles, exceto o presidente da Câmara de Caldas da Rainha, que defende que o Hospital deverá ser no seu concelho. Isto, segundo relato da Gazeta das Caldas. Resta agora saber qual é o papel da CIMOeste, ou se acha que não tem nada a ver com o assunto.
A quem quiser definir uma estratégia, convém tomar boa nota dos enormes e graves problemas que têm ocorrido no Hospital de Leiria, porque está esgotado e trazer para esta “batalha” do novo Hospital o concelho de Alcobaça, porque aumenta o número de utentes, aumenta o peso político e obviamente a capacidade reivindicativa, além de servir melhor os interesses dos alcobacenses.
Juntar neste desiderato, Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Cadaval, Lourinhã e Tores Vedras, significa os tais 300.000 utentes, que dizem os especialistas, ser número justificativo e ideal, para a construção de um novo Hospital.
Continuar a insistir em estratégias ultrapassadas de desagregação do CHO, para que cada um fique com o seu “hospitalzeco”, é absurdo e é a melhor forma de não ser levado a sério por quem decide. Esse, não é desde há muito, o modelo de desenvolvimento dos territórios.
É norma os presidentes de Câmara terem como limite as suas fronteirinhas, mas aquela mentalidade, segundo a qual “este hospital é meu” e “aquele hospital é teu”, há muito que devia ter dado lugar a “o hospital é nosso”. É mais que tempo de perceberem que os tempos mudaram, não há espaço para mentalidades pequerruchas.
Os biliões investidos nas últimas décadas, em acessibilidades e tecnologia, como forma de aproximação dos cidadãos aos equipamentos, às infraestruturas e aos centros de decisão, têm que ter retorno e nada pode ser como antes. Dificultar e discordar, pode fazer bem ao ego, mas só prejudica os utentes.
Por um Novo Hospital para o Oeste – NHO, façam a vossa obrigação: entendam-se!.
Rui Gonçalves