Guilherme José
livreiro “Malfeitor”
A necessidade de se elaborar uma ideia nacional, surge no âmbito da elaboração das primeiras formas de nacionalismo, no período pós-Revolução Francesa, e tem a sua génese sobretudo em dois autores Germânicos, sendo eles Fichte, que evoca deliberadamente um apelo a uma revitalização cultural alemã (lembrando, que, na época a Alemanha encontrava-se sob ocupação Napoleônica), e Herder, com a defesa de um nacionalismo étnico e cultural.
Como é sabido, e desde então, o nacionalismo passou a assumir formas e contornos totalmente depravados. Hoje, não vai além de um discurso entre pessoas que confundem termos e assumem posições com o intuito de justificar uma série de comportamentos pouco credíveis. Essa gente não se comporta de modo muito diferente daqueles que constantemente consideram como “inimigos”; são tão corruptíveis e pouco virtuosos quanto eles.
As minhas ligações a movimentos nunca foram muito além da visão de Nietzsche, aquando da sua crítica ao nacionalismo. Nesta crítica, ele intui essa ideologia como um último suspiro, uma última tentativa de ligação a um princípio superior que nos foi tirado, e esse é que deve ser fortemente recuperado, mas ele está para além da esfera política ou partidária.
Vejamos que o nacionalismo está muito longe das boas ideias iniciais. Ele não abraça mais uma composição cósmica ou metafísica do indivíduo, entregou-o ao elemento socioeconómico. No entanto, e no outro lado da barricada, existe outra ideologia: o anarquismo. Este também se diferenciou muito da sua índole inicial, abandonando figuras como Proudhon, por exemplo, para assumir uma via exclusivamente social, o famoso anarcocomunismo, que arrancou do Homem qualquer virtude espiritual que ainda lhe pudesse estar presente.
No entanto, tanto o nacionalismo quanto o anarquismo não deixam de estar num estádio “metafísico”, apesar das suas divergências, que posteriormente foram sublinhadas pelo mercantilismo. Ambos têm na sua génese alvos comuns: a burocracia, a nova ordem internacional e a tecnocracia. Em resumo, o seu grande adversário é o que chamamos em ciência política de “aposteriorismo”, algo que aniquilou qualquer ideologia que não fosse materialista e fisicalista. É necessário recorrer agora a uma norma metapolítica que transgrida a unilateralidade e comporte em si a “concidentia oppositorum”. Há que ressuscitar os elementos comuns entre o nacionalismo, o romantismo e o anarquismo inicial. ■