Aquilo que muitos cidadãos têm defendido e aqui nestas colunas também já justifiquei, finalmente toma forma. No recato dos gabinetes, longe da comunicação social, equipas das autarquias de Caldas da Rainha e Óbidos, têm vindo desde há muito a consertar projectos conjuntos, com as muitas vantagens que daí advirão para ambos os concelhos.
Sabe-se que já existe entendimento sobre a construção da uma ponte, que se iniciará em breve no “braço” da Barrosa e fará a travessia da Lagoa, a ligar os dois concelhos, dando continuidade ao circuito pedonal e ciclovia, num total de cerca de 30 km. Desde Caldas da Rainha até à Foz do Arelho, atravessará a Lagoa pela ponte agora a construir, prolongando-se até ao “gronho”. Ainda sobre a Lagoa, também existe acordo para aquisição conjunta da famigerada draga. Espera-se que esteja comprada e a funcionar em breve, iniciando a dragagem em permanência, resolvendo finalmente um problema que se arrasta há décadas. Duas decisões muito difíceis e de grande coragem. Esta é a altura certa, depois dos trabalhos da 1ª fase das dragagens ter terminado, com os resultados fantásticos que estão à vista, em que todos os objetivos foram alcançados. Definitivamente resolveu-se o problema do desassoreamento e despoluição.
Mas também no âmbito cultural, vários acordos estão finalizados.
Sabe-se que uma “rota” cultural, está definida e fará a ligação entre os dois concelhos, potenciando assim o que podem oferecer aos visitantes, com evidentes vantagens para os dois concelhos. Um percurso pedonal e ciclovia, terá início em Óbidos e fará a ligação às Caldas, com passagem por vários pontos de importância cultural, cruzando-se com outras “rotas” já existentes na cidade e terminando no circuito pedonal que ruma à Foz do Arelho e que entretanto vai ser prolongado até junto da Expoeste. Sabe-se agora, que no processo da Regeneração Urbana, as ciclovias, que são parte integrante de qualquer cidade minimamente evoluída e moderna, não foram ignoradas nem esquecidas por acaso. Sabia-se deste projecto e como tal não fazia sentido antecipar a sua construção. Tudo foi pensado e planeado, como habitualmente se faz por cá. Mas não terminam por aqui os acordos no âmbito da cultura. Também relativamente a eventos que ambos os concelhos realizam, estão já definidas formas de organização e promoção conjunta, melhorando substancialmente a capacidade de atração de visitantes e reduzindo os custos organizativos. O Festival do Chocolate – Óbidos e a Feira do Cavalo Lusitano e o 15 de Maio – Caldas, serão promovidos em parceria, assim como o festival Literário Folio – Óbidos e o festival de Jazz – Caldas. São apenas exemplos, entre muitos outros.
Também nos transportes urbanos municipais, foi feita a opção por percursos que ligarão os dois centros urbanos de hora a hora, dando assim resposta aos cidadãos locais e aos turistas, que de um para outro concelho se deslocarão mais facilmente, dentro da tal lógica de proximidade e concertação intermunicipal agora anunciadas.
Por fim, o pensamento estratégico e a grande visão, desde sempre evidenciada, programam o futuro e vai mais longe, tendo-se chegado a acordo sobre a fusão dos dois municípios, faltando apenas definir a data da sua concretização. A grande questão, é saber se será apenas em 2025, quando os dois autarcas terminarem hipoteticamente os três mandatos que a lei lhes permite, se até lá cometerem a proeza de os conseguir ganhar, ou se o seu evidente desapego ao lugar, permitirá que essa fusão se concretize mais cedo.
Está previsto que no verão do próximo ano, os autarcas de Caldas e Óbidos façam o anúncio destas e outras matérias, num passeio de bateira pela lagoa, previsivelmente acompanhados pelo SEP – Secretário de Estado da Propaganda.
Rui Gonçalves
rgarquito@sapo.pt