O fim dos incentivos à desflorestação ilegal

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A desflorestação prossegue a um ritmo preocupante em todo o mundo, com especial impacto nas florestas tropicais. De acordo com a WWF, entre 2004 e 2017, foram destruídos 43 milhões de hectares em 24 regiões do mundo. Esta devastação é claramente fomentada pela procura global de certos bens alimentares e deve ser regulada; os governos devem rever os acordos comerciais com países que incentivam a reconversão das florestas terrestres e incluir medidas para combater a desflorestação de forma vinculativa. A importação de produtos associados à desflorestação ilegal tem que ser proibida e as tarifas devem favorecer os produtos certificados que não envolvem desflorestação.
A situação que mais preocupa o mundo é, sem dúvida, a que se vive no Brasil, com a desflorestação da floresta amazónica, que voltou a atingir níveis recorde. Num ano, no período entre agosto de 2020 e julho de 2021, e segundo dados fornecidos pela Comissão Nacional de Investigação Espacial, foram mais de 13 000 km2 de floresta tropical. Há quinze anos que o Brasil não registava estes níveis de devastação. (…)Os governos precisam de fazer mais para proteger o capital natural e implementar uma combinação de reformas políticas para reduzir os impactos negativos nas florestas e na biodiversidade, como a reforma dos subsídios agrícolas adversos e a redução do risco de investimento por parte de investidores públicos e privados.
No sentido de enfrentar esta situação global de perda das florestas e da biodiversidade, a comissão europeia anunciou a intenção de proibir a importação de bens alimentares provenientes de zonas em risco de desflorestação, visando proteger as florestas mais vulneráveis do mundo. Bruxelas terá em vista seis produtos agrícolas – carne de bovino, soja, óleo de palma, café, cacau e madeira – numa iniciativa de combate à deflorestação. (…) A concretizar-se esta decisão, a UE envia um sinal claro às grandes cadeias de comercialização e distribuição de produtos agrícolas. ■ Helena Freitas