O maior ceramista português dos nosso tempos

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1903
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FS---DSC_0305Ferreira da Silva (1928-2016) abandonou-nos no dia 8 de Março.
Na terra que adoptou depois de peregrinar por um país que não sabe reconhecer os seus Maiores.
Porto, Coimbra, Bombarral, Alcobaça… Caldas da Rainha.
Um dia perguntou-me se eu fazia alguma ideia da razão porque se fixara na nossa terra e eu lá balbuciei: a Secla, a “estoria” da faiança das Caldas, Rafael Bordalo Pinheiro, etc, etc… Nada disso! retorquiu-me porque estávamos no sítio – disse-me: tu não estás a ver esta luz (da Praça da Fruta reflectida nos azulejos dos prédios de novecentos que ainda restam)? Esta luz é única, é ela que me inspira, é ela que me faz sempre voltar.
Ficou perto da Secla e com todos os que apanharam a boleia que nos deu para a sua grande aventura na Arte e na Vida.
É, na minha modestíssima opinião, o maior ceramista português dos nosso tempos.
Na rua das Montras em frente da antiga fábrica de faiança de José Francisco de Sousa fez-me ver os medalhões com as efigies de Bernard Palissy e Rafael Bordalo Pinheiro para me dizer com a sua firme clarividência que a louça das Caldas era apenas uma recriação do que Palissy inventara no século XVI.
José Francisco de Sousa também o sabia, eu não, e agora percebo porque ao lado de Palissy figura Bordalo que elevou a faiança policromada vidrada a chumbo a patamares elevadíssimos talvez nunca alcançados em qualquer parte do Mundo em escala, relevo e criatividade.
Despeço-me com uma quadra popular que não sei quem fez: o meu pai fez com que eu a saiba de cor (seria dele? do António Aleixo?) não sei… aqui fica:

Há vidas que vidas são
Mesmo depois de morrer
Há outras vidas então
Nem vidas chegam a ser

Adeus maníssimo, até sempre.

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J. Jorge Figueiredo Ferreira

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