Sou utente, assim como todo o meu agregado familiar, do Posto de Saúde da Foz do Arelho. Ao longo de anos estamos habituados a ter um centro com horários erráticos e muitas vezes encerrado.
Nesta altura tem dois dias de atendimento por semana, não sendo os mesmos a tempo inteiro. Para quem não tem noção, trata-se de um Posto de Saúde onde maioritariamente os utentes são idosos, vulneráveis na sua condição pela idade, mas também por vários problemas de saúde, com dificuldades de locomoção, onde muitas vezes passam manhãs inteiras ao frio na esperança de marcar as quatro consultas de urgência disponíveis . 
No passado mês de Janeiro, na tentativa de marcar consulta desloquei-me por quatro vezes a este local onde fui sempre informada que a agenda para o mês de Fevereiro ainda não estava disponível. Esta situação verificou-se até ao dia 31 de Janeiro. Como qualquer cidadão, muitas vezes reclamamos ao balcão, numa tentativa de desabafo que na verdade conduz a alteração nenhuma e algumas vezes infelizmente promove o “dar o jeito” e esperança na boa vontade de quem atende .
Após um olhar atento para aquela sala de espera e verificar que as mesmas pessoas, dia após dia,  se queixavam da falta de consulta, ou apenas da receita que necessitam mês após mês, pedi o livro de reclamações na esperança que a minha reclamação fosse levada mais a sério. Confesso que quando o fiz, essas mesmas pessoas que tanto tinham reclamado, nesse momento acharam má ideia porque a culpa não era dos funcionários não tendo noção que a reclamação não era direccionada aos funcionários, mas a uma entidade “ fantasma” como tantas outras que dirigem o nosso País
Para meu espanto, a página da reclamação era a primeira, num posto de saúde onde todos os dias se ouvem reclamações ao balcão. Fiz a reclamação no livro de reclamações, enviando também para o portal da Saúde e enviei mails para os semanários da região. De quem será a responsabilidade desta situação? Será um problema administrativo ou de gestão? Terá a Sra. Directora do Agrupamento dos Centros de Saúde Oeste Norte conhecimento desta situação? Será assim tão difícil optimizar este pequeno serviço? Ficam as questões sem esperança na resposta.
Não sei se esta minha atitude fará alterar alguma coisa, mas a verdade é que quero acreditar que não existem mais reclamações naquele livro, não só por apatia mas porque os que verdadeiramente sofrem as suas consequências e necessitam dele, não tendo meios económicos para outra solução, são pessoas idosas, muitas delas sem saber ler ou escrever e sempre com medo que alguma atitude mais revoltada os possa atirar para uma situação ainda mais indefesa. Limitam-se a aceitá-la.
Como sociedade temos todos a responsabilidade de proteger aqueles que mais necessitam e é revoltante ver a maneira leviana como as entidades de saúde tratam dos nossos idosos sempre sobre o pretexto de não ser sua responsabilidade ou não existirem meios para tal. O desenvolvimento de um País mede-se sob a forma como trata os mais indefesos e neste campo infelizmente ainda temos um longo caminha a percorrer 


Carla Pinelas

NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento deste texto à directora do Agrupamento de Centros de Saúde Oeste Norte, que nos enviou a seguinte resposta:

A Unidade de saúde de Caldas da Rainha (UCSP) integra o pólo de Foz do Arelho. Até Outubro de 2018 os cuidados foram prestados por uma médica que se aposentou nessa data.
Dadas as carências em recursos humanos, a partir desta data, os cuidados passaram a ser prestados por um médico, a contrato, até que a vaga seja preenchida por concurso nacional.
Todas as reclamações são registadas em livro próprio, analisadas e inseridas em plataforma para a entidade reguladora da Saúde e, tal como é indicado pela legislação, este livro é encerrado no final do ano civil e iniciado um novo livro.
Este livro é adquirido à imprensa nacional da casa da moeda e a sua gestão é feita pelo gabinete do cidadão do ACeS Oeste Norte, que dá seguimento ao processo.
Relativamente ao atraso na abertura de agenda médica para marcação de consulta, este foi pontual, dado estarmos no inicio do ano civil. Normalmente as agendas médicas estão abertas por períodos de 6 a 12 meses.

Direcção do ACES Oeste Norte