O Museu de Cerâmica

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Conceição Pereira
provedora da Misericórdia das Caldas da Rainha

Tive ausente de Caldas da Rainha, em período de férias, durante a passada semana, pelo que não tive oportunidade de estar presente em muitos dos eventos que decorreram neste período.
Mas foi com enorme orgulho que acompanhei, à distância, a ida a Lisboa de dois mil caldenses para se manifestarem em defesa do nosso Hospital.
Todos partilhamos que um dos factores identitários de Caldas da Rainha é a saúde, mas outros também nos identificam e nos distinguem, como seja, a Criação Cerâmica.
Criado oficialmente, em 1983, o Museu de Cerâmica foi, também fruto da vontade e do movimento de inúmeros caldenses. Temos, sem dúvida, de destacar o trabalho do Rotary Club das Caldas da Rainha na sua criação.
Apesar da beleza do seu Palacete, e do seu jardim, desde cedo, se percebeu que a Quinta do Visconde de Sacavém era exígua para acolher as diversas colecções quer nacionais quer internacionais.
Recordo que, desde que assumi a responsabilidade do Pelouro da Cultura na Autarquia Caldense que, a então Directora – Madame Ballu Loureiro, lutava para o alargamento do Museu de Cerâmica.
Diversas propostas foram estudadas, como seja, o seu alargamento para o Parque D. Carlos I, ocupando a Rua Visconde Sacavém e parte do Parque.
Lembro diversas reuniões em Lisboa com os responsáveis da Cultura do Instituto Português dos Museus, acompanhada pelos dirigentes do Museu e do Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica, a fim de apresentar propostas para o alargamento do Museu e solicitar a sua classificação como futuro Museu Nacional da Cerâmica.
A Camara Municipal das Caldas da Rainha, sempre lutou para o seu alargamento e classificação, disponibilizando-se para assumir custos do projecto e parte da obra, e procurou enriquecer as suas colecções, como seja o caso da Colecção Maldonado Freitas. Parte desta colecção mantem-se no Centro de Artes, bem como as 6.000 peças adquiridas à Fábrica Secla e as cerca de 7.000 à Fábrica Molde.
A exposição de todo este acervo, e outras que se viessem a adquirir, nomeadamente na área da cerâmica contemporânea, constatou-se que justificava outra construção.
Na candidatura de Caldas da Rainha a Cidade Criativa da Unesco, este propósito também estava considerado.
Assim, foi solicitado ao Dr. João Bonifácio um estudo que apontasse, a sua localização bem como seu programa. Como era seu timbre, empenhou-se totalmente neste projecto, tendo apresentado à Camara Municipal e á Assembleia Municipal, o resultado do seu trabalho, o qual foi aprovado por unanimidade.
Apontava sua localização para o espaço junto à Fábrica Bordalo Pinheiro, com uma construção faseada envolvendo o Museu da Fábrica.
Fiquei um pouco preocupada, ao ler na Gazeta das Caldas, a notícia de apresentação do Masterplan para as Termas das Caldas que, considero importante e fundamental, mas sem qualquer referência ao futuro Museu de Cerâmica.
Será que o futuro Museu de Cerâmica está esquecido? Quero acreditar que a notícia não pormenoriza todo o Masterplan e que os caldenses também não deixarão de exigir o Museu Nacional de Cerâmica para as Caldas da Rainha. ■