O que se passa com a Biblioteca Municipal da cidade?

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Guilherme José
Livreiro “Malfeitor”

Desde que me encontro a residir em Lisboa poucas são as vezes que tenho frequentado, com olhos de ver – devido a alguma falta de tempo -, determinados espaços que frequentava com regularidade nas Caldas da Rainha. No entanto, na semana passada, para meu entusiasmo, decidi visitar um local onde, sensivelmente durante os últimos dez anos passei uma boa parte do meu tempo: a biblioteca municipal.
Bem, digamos de passagem que esta biblioteca nunca recebeu a devida atenção da câmara municipal, apesar de até possuir um arquivo razoável. No entanto, não estava à espera de me deparar com o cenário em causa: baldes distribuídos pelo chão para evitar que os pingos da chuva interfiram com o ambiente, tomadas elétricas em péssimo estado, lâmpadas por serem trocadas, e computadores (os únicos disponíveis) que julgava já estarem extintos, pois, há anos que não via tal raridade tecnológica daquelas ao vivo, e não esperava de todo encontrar esse fenómeno num município público, com verba, que deve preservar o arquivo e a memória histórica de uma cidade.
É sabido que o investimento para esses espaços é sempre reduzido, uma vez que uma biblioteca municipal não representa retorno financeiro. No entanto, este caso deve ser certamente um caso de estudo, uma vez que a cidade poderia possuir um local propício e convidativo à leitura e à pesquisa. Mereceria uma melhor imagem física, mais cuidada, até no que diz respeito às pequenas coisas. Não entrarei em detalhes mais profundos quanto a isso por respeito aos trabalhadores – acredito que se encontrem desmotivados com as condições – e às memórias que tenho do local. No entanto, este cenário também é altamente desmotivador para quem até lá se desloca e, por falta de condições, decide não frequentar mais, dando preferência aos cafés distribuídos pela cidade, que passam a servir como locais de estudo improvisados. Posso ainda ir mais longe e dizer mesmo, com conhecimento de causa, que muita gente nem sequer sabe da existência de uma biblioteca municipal que se localiza entre um centro da juventude abandonado, um skatepark que pede por reparações urgentes e um Teatro da Rainha que tem contribuído muito para enriquecer culturalmente a nossa cidade.
Posto isto, digo-vos: as Caldas da Rainha e os seus cidadãos mereciam uma biblioteca municipal em melhores condições, assim como uma melhor divulgação e preservação do seu património cultural. ■