Nestas quatro décadas de democracia, o poder autárquico nas Caldas da Rainha tem sido quase sempre confiado ao PSD. Para além disso, ao longo dos sucessivos mandatos, apenas foram eleitos vereadores das listas do PSD, do PS e do CDS-PP. Podemos então dizer que são estes os partidos do “arco da governação” caldense. Uma vez que já são conhecidos os candidatos a Presidente da Câmara indicados por cada um destes três partidos políticos, chegou a hora dum primeiro ligeiro escrutínio.
O CDS-PP apresenta, e bem, Rui Gonçalves. O candidato consegue reunir a simpatia de muitos caldenses, para a qual muito tem contribuído a sua colaboração enquanto cronista na Gazeta das Caldas. Tal como o atual Presidente da República foi conquistando um enorme apoio popular na comunicação social, também Rui Gonçalves, à escala local, se tornou mais conhecido de muitos caldenses por ser um dos seis cronistas que, dois em cada semana, vão partilhando estas páginas de opinião. A maior dificuldade para Rui Gonçalves parece ser a de convencer os caldenses da suposta mais-valia de haver um vereador de direita na Câmara das Caldas. O CDS-PP, que se tem apresentado como parceiro de coligação do PSD nos últimos anos, acaba por ver reduzida a sua utilidade na luta partidária local.
Por sua vez, o PS caldense indicou Luís Miguel Patacho, a quem se lhe reconhece a inteligência e a vontade de dar o seu melhor pelas Caldas. A maior fragilidade que lhe tem sido apontada poderá ser, aliás, o seu maior trunfo. O facto de ser um ilustre desconhecido da maioria da população e não ser uma escolha óbvia dos socialistas, pode até funcionar a seu favor. O PS aposta na renovação geracional e isso, normalmente, é bem visto pela população. Sendo uma aposta de futuro, as expetativas não são muito elevadas para este ato eleitoral, o que permite a Luís Miguel Patacho transformar qualquer resultado que tenha numa vitória.
Neste momento, o que obriga o CDS-PP e o PS caldenses a fazerem muitas contas de cabeça é a expetativa que existe de que Tinta Ferreira possa voltar a dar o quinto vereador ao PSD. Se esse for o caso, será muito renhida a luta entre os socialistas e os populares para verem como serão distribuídos os dois vereadores restantes: se os dividem ou se o CDS-PP perde o seu único vereador.
Quanto ao PSD, há quem diga que a grande vantagem de Tinta Ferreira nestas eleições reside no facto do PS não ter escolhido uma figura de grande dimensão mediática para se candidatar nas Caldas da Rainha. Pelo que já referi acima, julgo que o PS está muito bem servido e essa não é, claramente, uma mais-valia para o PSD. A grande vantagem que Tinta Ferreira tem para estas eleições é, isso sim, o grande mandato que tem feito. Tudo parece ter-lhe corrido bem: foram as obras de regeneração urbana que se concluíram sem os problemas que muitos vaticinavam… foram os eventos na cidade que se revelaram um enorme sucesso, enfim… tudo o que lhe podia correr bem, correu. Muitos são os que dizem que foi sorte mas, como se costuma dizer, para se ter sorte é preciso muito trabalho. Se conseguir reabrir o Hospital Termal, julgo que Tinta Ferreira terá todas as condições para garantir a eleição do quinto vereador. A maior dificuldade que o PSD enfrenta nestas eleições está no possível excesso de confiança dos seus eleitores. Muitos podem pensar que, uma vez que já está ganho, não vale a pena ir votar ou, o que seria ainda pior para Tinta Ferreira, as pessoas optarem por votar na simpatia de Rui Gonçalves ou na renovação protagonizada por Luís Miguel Patacho. Tendo a consciência de que, quanto maior for a sua votação, mais e melhor poderá fazer pelas Caldas, o grande desafio de Tinta Ferreira está, pois, em conseguir motivar o seu eleitorado a ir às urnas.