Jorge Sobral
Jurista
As Bandas Filarmónicas não são apenas Escolas de Música. São espaços de vida coletiva, onde alunos, pais e crianças se envolvem na defesa de uma vida comunitária. No nosso concelho existem vários agrupamentos musicais. Alguns, da responsabilidade de jovens a que chamam “bandas de garagem”. Muitos destes agrupamentos colaboram na animação da cidade, nomeadamente a excelente orquestra Ligeira do Monte Olivett.
No entanto, o que pretendo é chamar a atenção para as quatro Bandas Filarmónicas que coexistem no concelho de Caldas da Rainha. Quase todas centenárias e as que são têm a sua sede em Freguesias rurais. São um espaço de valorização do ser humano. Todas elas com uma história, que se envolve com a vida dos residentes das freguesias.
Os alunos, tradicionalmente eram filhos ou netos de músicos. Foi muito assim no passado. Vivendo em espaços isolados, com caminhos intransitáveis, e a dificuldade de aproximação à cidade. Elas passaram a ser um espaço de identidade dessas zonas.
Nas últimas décadas, com o desenvolvimento a que se foi assistindo, o recrutamento alterou-se. Os novos formandos com maior escolaridade, passaram a escolher estas escolas porque queriam aprender música.
Há vários anos que resido numa das freguesias rurais onde existe uma das Filarmónicas centenárias.
Por simpatia, julgo, fui convidado a fazer parte dos corpos sociais da Sociedade Filarmónica de Alvorninha. Espanto, talvez não. Reconhecido pelo convite sim. Uma Escola com 50 alunos, 12 professores, 40 elementos e muita dedicação.
Elas participam em festas, romarias, arruadas, atos religiosos, concertos e intercâmbios com outras congéneres.
Todas com particularidades que as definem e valorizam. A Banda Comércio e Indústria, congrega em si mais valias musicais. A-Dos-Francos, possui um auditório com 250 lugares.
No entanto as dificuldades são idênticas. Instrumentos caros, assim como a reparação e os fardamentos.
Muitos deste jovens que pululam nas diversas Filarmónicas, anseiam continuar a estudar numa escola de grau superior. No entanto a ligação que têm com a sua Banda trá-los de volta para participarem nas apresentações públicas.
Estes coletivos musicais, são das formações artísticas mais populares, mais diversificadas na sua composição. Harmonizam homens, mulheres e jovens. São animadores de almas, capazes com a sua música, energia, cor, chamar-nos à rua, tirar-nos do conforto, vir à janela, para ver a Banda passar.
… A minha gente sofrida, despediu-se da dor, para ver a Banda passar, cantando coisas de amor
(Xico Buarque)