João Bernardes e Silva
professor
Ultrapassada a barreira temporal do célebre 15 de agosto, entro em contagem decrescente para o fim das férias e deparo-me com os meus pensamentos a fugirem para a imensidão de tarefas que aí vem. Não, ainda não quero sair desta letargia das férias, da ausência de horários, dos fins de tarde “gastos” em longas conversas despreocupadas, do “dolce far niente”.
No meio destas cogitações sou assaltado por pensamentos noltálgicos relacionados com o ritual de verão. Festa “Remember 80’s & Go’s integrada no Festival Bom Sucesso, na Aldeia dos Pescadores, Óbidos. Festas “Remember Old Times” na praia de Salir do Porto e em São Martinho do Porto, integrada no VerãoSão.
Não preciso de alargar os exemplos para se perceber que a música dos anos oitenta mantém uma presença forte nas festas de Verão. A mesma música que fazia furor na Foz do Arelho na década de noventa. Nada como começar a noite com um grupo de amigos no “Trombone”, seguir para o “Solar da Paz” e acabar a noite na discoteca “Green Hill”. Mas o percurso não era único, o “Sítio da Várzea” podia ser o destino do início da noite que podia acabar na “Dreamers”. As opções podiam ser muitas outras, dependia apenas do gosto de cada um.
Milhares de jovens e adultos, de várias idades, tinham como destino a Foz do Arelho. Os locais de diversão noturna que acabei de citar faziam concorrência à noite de Lisboa e motivavam deslocações de centenas de quilómetros para uma noite bem passada. Os caldenses nem se davam conta da qualidade destes bares e discotecas no panorama nacional, era um dado adquirido sem direito a questionamento.
Agora, olhamos para esses tempos e para esses ícones da Foz do Arelho e sentimos um enorme saudosismo. Contudo, a atratividade e competitividade do Oeste também se constrói com estes espaços. Importa refletir sobre o que levou ao seu desaparecimento e, principalmente, pensar como se pode potenciar o surgimento de novos espaços de diversão noturna que voltem a colocar a Foz do Arelho no centro de tudo! O restaurante “Távola Lagoa” é um excelente exemplo de como se pode recuperar um edifício icónico e devolvê-lo à fruição visual de todos. Não podemos ficar apenas pelo “Remember Old Times”. ■