Sérgio Félix
Gestor e formador
Não podia deixar de fazer uma referência aos 50 anos do 25 de Abril e ao desenvolvimento económico e social da região oeste desde então.
A liberdade aumentou a velocidade dos moinhos saloios do este e com isso um conjunto de mudanças que tornaram concelhos pobres e “saloios” em destinos procurados mundialmente pelas suas gentes, terras, produtos e ondas.
Atualmente com menos moinhos, mas com mais atividade económica, a região oeste tornou alguns dos concelhos mais pobres em concelhos prestigiados mundialmente com muitos turistas que se orgulham em visitar, comprar casa e viver na região.
A nível industrial a região sofreu inúmeras transformações com o aumento massivo da indústria e com isso o crescimento das vilas e cidades do Oeste, seguido-se de várias crises que ditaram o fim de alguns setores como a cerâmica, um dos mais representativos em alguns concelhos como Caldas da Rainha e que agora têm no volume de negócios um peso simbólico nas atividades empresariais do concelho. Ainda na indústria outro destaque como por exemplo a cutelaria em que se dezenas de artesãos existentes em Caldas da Rainha e Alcobaça no século passado deram origem a algumas empresas mais representativas e importantes da cutelaria a nível mundial.
Contudo, a reflexão e foco que aqui gostaria de deixar é no setor agrícola. Nas últimas décadas a região oeste tornou-se a região mais produtiva a nível nacional nos frutícolas, hortícolas e atualmente também na produção de vinho. O oeste é hoje a região com maior volume de negócios nestes setores e deixou de ter uma agricultura de subsistência para uma das mais tecnológicas e competitivas a nível mundial.
Foram ultrapassados vários desafios, sejam eles as dificuldades provocadas pelo minifúndio, falta de cooperação, qualidade dos solos, entre muitas outras.
Hoje, além do comércio e serviços, é o setor que mais representa o oeste, mais cria valor e postos de trabalho e de forma bastante sólida posiciona o oeste nacional e internacionalmente.
Mas será isto sol de pouca dura?
Efetivamente a região oeste vive hoje tempos de incerteza e insegurança no setor, sejam eles a competitividade internacional, a incerteza da conjuntura económica e os mercados de escoamento dos seus produtos faca ao panorama geopolítico instável.
Além desta situação e ainda mais grave é o fogo bacteriano que, este ano, dizimou dezenas e diria que na região centenas de hectares de pomares em valor económico impossivel de contabilizar de forma simples, dado que não é só a perda atual para o agricultor mas a criação de valor do pomar para a região nas próximas décadas, criação de postos de trabalho, serviços conexos … .
Além disso, inúmeros pomares já denotam fortes sintomas na primavera, o que fará com que muitos agricultores sejam obrigados por lei a arrancar estes pomares. Diria que nos próximos 2 a 3 anos teremos um impacto de 20 a 30 milhões de euros de forma direta, fora os efeitos colaterais desta mesma situação e por efeitos de arrastamento da economia valores muito superiores.
Importa neste momento, como em décadas passadas, o oeste unir-se sobre este desígnio e verificar medidas para identificar a “nova Pêra Rocha” dado que muito dificilmente, pela investigação atual, seja possível os nossos netos virem a degustar uma Pêra Rocha do Oeste.
Novas variedades, culturas, uma possível solução fica o desafio até ao próximo Abril! ■