O seleccionador nacional de futebol, Fernando Santos, regressou às Gaeiras no passado dia 17 de Abril, para uma palestra na igreja de Nossa Senhora da Ajuda sobre a fé cristã, a convite da paróquia local. Fernando Santos nasceu em Lisboa, como é público, mas sente-se gaeirense e os gaeirenses também o sentem como um dos seus. Viveu ali muitos anos, desde a infância, e criou grandes laços de amizade. E regressa sempre que pode à terra que o viu crescer, sobretudo por alturas das festas, especialmente da que é feita em honra da padroeira da paróquia.
O que chamou a atenção de Zé Povinho nesta mais recente visita foi a forma como este ilustre gaeirense abriu o coração e a alma para falar da fé cristã e da influência que esta tem na sua vida, partilhando, com uma igreja repleta, experiências que moldaram a sua existência.
Fernando Santos é um treinador de futebol de sucesso, ganhou vários títulos nacionais, tanto em Portugal como na Grécia. Treinou e ainda treina alguns dos melhores jogadores do mundo. Não precisaria de fazer este tipo de acção para se sentir realizado, mas a forma como falou tocou as pessoas que o ouviram.
Zé Povinho tem respeito por todas as religiões e mesmo pelos ateus, mas gosta de pessoas com convicções e que as defendem como Fernando Santos fez nas Gaeiras, com mensagens de valores, como respeito, compaixão e solidariedade, que são válidas tanto para quem acredita como para quem não acredita numa entidade superior.
Zé Povinho acha ao fim e ao cabo que, em última instância, são os caldenses os principais responsáveis pelo que se tem passado com as termas das Caldas da Rainha, que chegou ao caricato episódio do Estado, através do Ministério do Ambiente, ter retirado a concessão da utilização da água termal ao Ministério da Saúde, na pessoa do Centro Hospitalar.
Poder-se-ia cair no facilitismo de responsabilizar o douto presidente da Câmara, Dr. Tinta Ferreira, ou o seu antecessor, o emérito Dr. Fernando Costa, ou mesmo o nervoso presidente do CHO, Dr. Carlos Sá, e os seus acólitos e assessores, por tudo o que tem acontecido com as termas caldenses nos últimos quatro anos, para não ir mais longe.
Mas estes têm agido assim, certamente do alto dos seus elevados cargos, porque os caldenses se têm desinteressado na prática da trajectória seguida pelas termas caldenses desde que começou a sua decadência irreversível.
Por exemplo, os Centros Hospitalares têm um órgão superior onde estão representadas as autarquias e os utentes dos serviços hospitalares e onde estas questões estratégicas podem ser discutidas. Há mais de dois anos que este Conselho Geral do CHO está para ser nomeado e não o foi porque o Conselho da Administração do CHO propôs para a presidência a anterior ministra socialista, Dra. Ana Jorge, proposta que está fora de hipóteses para os actuais responsáveis.
E assim perante a passividade de todos, o assunto continua em águas de bacalhau, como o arranque do processo de entrega do Hospital Termal à autarquia que já espera há muitos meses.
Quem tem a culpa disto? O governo? O CHO e seu Conselho de Administração? A Câmara e o seu presidente? Certamente todos e nenhum, pois por Portugal as culpas costumam morrer solteiras.
Zé Povinho acha que o grande culpado é esse povo caldense, águas mornas e indiferente, que não quer assumir as responsabilidades porque isso dá muito trabalho e há sempre uns quantos que se põem à frente e em bicos dos pés perante o deixa andar, desporto local por excelência.
Daqui a uns anos ninguém se lembra dos Drs. Costas, Tintas, Sás, Hugos ou quejandos e serão apenas os descendentes da actual geração a pagar caro o mal que agora se fez.