Felicidade e/ou crescimento?

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José Luiz Almeida e Silva

Como economista vou aventurar-me num tema heterodoxo, mas atual, que espero seja claro apesar de discutível para os nossos leitores. Muito se fala no debate político em Portugal que o nosso país foi ultrapassado, em termos do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, ou seja, do conjunto das nossas produções por habitante, por vários países da Europa mais recentemente entrados na UE e quando, no momento da adesão, estavam muito atrás de nós.
O critério do PIB é muito discutível, pois é um valor demasiado quantitativo e esquece o qualitativo, nomeadamente as assimetrias entre o rendimento das pessoas, entre as que têm muito e as que têm pouco. No tempo atual, por exemplo, podemos dizer que terminada a guerra resultante da invasão da Rússia à Ucrânia, naturalmente o PIB europeu vai aumentar muito, dado que será necessário pagar a recuperação e principalmente a reconstrução daquele país mártir, cuja aproximação e promessa de entrada na EU é mais do que evidente. Ficam, contudo, as dores e as mágoas que não contam para o PIB.
Mais do que se assentar sempre e toda análise no conceito absoluto do Produto Interno Bruto, melhor se faria começar também a falar no de Felicidade Interna Bruta (FIB), conceito criado pelo rei do Butão Jigme Singye Wangchuck, em 1972, valorizando o facto de que na sociedade humana o desenvolvimento espiritual e o desenvolvimento material devem estar associados e crescer em simultâneo.
Esta teoria, que mais tarde se alargou a muitos economistas heterodoxos dos países desenvolvidos, justifica que a felicidade apesar de necessitar de bens materiais, deve também estar ligado a esse conceito extremo da busca da desenvolvimento humano.