No dia aprazado o SNS funcionou…
Há muito que somos bombardeados com as mais variadas críticas quanto ao funcionamento do SNS português.
Os profissionais, e certamente com a razão de quem faz as coisas acontecer, vão reclamando, uns mais que outros, que é necessário mudar muita cousa.
Excesso de horas de trabalho, insuficiência de equipamentos, má gestão, necessidade de reclassificação de carreiras, opções políticas erradas, financiamento excessivo do sistema privado, para uns, mas para outros, não será…porque é complementar.
No meu caso em concreto, é difícil ter uma opinião isenta….
Se por um lado, não tenho todos os dados do problema para fazer uma opinião, por outro, profissionalmente sempre trabalhei, desde há muito, para o privado, complementar do SNS e bem assim, para as seguradoras que vendem seguros de saúde, com todas as questões que isso envolve no momento zero… aquele em que o paciente necessita de assistência.
Que é um bico d’obra, não tenho dúvidas…. que é uma questão, também, de fé, também não tenho dúvidas, como dizia a minha Avó.
Mas mesmo com todos os defeitos e insuficiências, o nosso sistema comparado com outros, é mesmo bom.
Recordemos, por exemplo, o documentário “Sicko” de Michael Moore e ficamos deveras assustados com o funcionamento do sistema americano.
Tudo isto para dizer, que por motivos pessoais tive de recorrer a uma consulta externa no CHO – Centro Hospitalar do Oeste.
O “meu” médico de família perante o resultado de determinado exame disse-me que o melhor era pedir uma consulta da especialidade ao Hospital… fez o pedido no “sistema” e passado pouco mais de 15 dias recebi uma carta com a indicação de que a consulta estava marcada.
E qual não foi o meu espanto, um mês depois do pedido estava a realizar a consulta.
No dia aprazado lá me dirigi ao Hospital. Fui confirmar a presença e tirei uma senha. A máquina, “estúpida” da máquina, assustou-me…. deu-me uma senha e disse-me que o tempo de espera para ir confirmar a minha presença era de 42 minutos.
Respirei fundo e quando me preparava para dormir uma soneca, eis senão quando, no écran aparece a senha 298, depois 299, 300, 301, 302 e 303 tudo seguido e a um ritmo diabólico… era o meu número…
Procedimentos administrativos concluídos, vou-me sentar e ficar à espera que o médico me chame…
Numa cadeira ao lado um jornal desportivo, daqueles que nunca compro e que gostava de ler no metro, deitando o “rabo de olho” para o vizinho… pensei para comigo… já não vou dar por perdido este tempo de espera… mas ao fim da terceira ou quarta página sou chamado pelo médico…
Tudo rápido, eficiente, observação julgo que correcta, médico simpático e afável… a decisão será minha, “pequena” cirurgia… que não foi logo marcada, a meu pedido….
Estas coisas não são assim, com tanta rapidez…Senhor Doutor…
Ao sair, passei ao lado da obra do Mestre Ferreira da Silva e da sua degradação a olhos vistos…”O Jardim da Água” está abandonado…e urge encontrar uma solução para este ícone da cidade. E uma lição nos ocorre tirar… não basta fazer novos equipamentos, novas obras artísticas, é também necessário assegurar a sua manutenção…