“Porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real, e chama-se «Conselheiro Maravilhoso», «Deus Forte», «Pai para sempre», «Príncipe da Paz».” (Is. 9,5).
Cerca de 700 anos antes do Natal, estas palavras foram proferidas por Isaías, anunciando uma das grandes obras de Deus para com o seu povo. Esta é uma das grandes dádivas de Deus para connosco, Ele próprio que se fez homem, que nasceu para viver como nós no meio de nós. Jesus entre os homens, sendo o rosto visível de Deus.
E qual deverá ser a nossa atitude? Deveremos temer ou rejubilar de alegria?
“O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-nos um Salvador, que é o Messias Senhor».” (Lc 2,10-11).
É a alegria afinal, porque Deus está vivo no meio de nós. Esta é uma das razões para os cristãos serem alegres, rejubilarem e darem graças. Como conta o Evangelho de São Lucas, um anjo anuncia este glorioso momento aos pastores, e com uma multidão de anjos louvavam e cantavam “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado.” (Lc 2,14).
Mas perguntas pertinentes podem ser suscitadas. Deus, Todo-Poderoso, faz-se homem e nasce num estábulo embrulhado em panos e deitado na manjedoura onde comem os animais? Não tinha lugar na hospedaria? E os primeiros a saber deste grande acontecimento foram pastores que por ali andavam? Não deveria antes ser: Jesus nasce num sumptuoso palácio, na mais confortável das camas embrulhado em seda? Não deviam os anjos ter anunciado tal grandiosidade aos outros reis e governadores vigentes?
Não, Jesus Menino diz logo no seu nascimento ao que vem. Vem explicar que a grandeza e a alegria não estão no coração dos poderosos da terra, mas sim na humildade e simplicidade dos que pouco têm. Sim, os primeiros a saber desta grande alegria foram simples pastores que apenas possuem uns modestos rebanhos de ovelhas e cabras e que logo se puseram a caminho. Logo aqui começa a Boa Nova, naqueles que nada tinham e que nessa noite foram os homens mais ricos da terra, porque viram e sentiram a Deus. Como é rica e brilhante a alegria da simplicidade do presépio, onde nessa noite brilhou uma grande Luz.
De facto, as Sagradas Escrituras não nos indicam que esta dádiva tenha ocorrido em Dezembro. Aliás, é até pouco provável que tenha ocorrido no inverno. José e Maria dirigiam-se de Nazaré, na Galileia, para Belém na Judeia porque os romanos tinham ordenado um recenseamento, o que obrigava José a ir à sua terra de nascimento. Ora de inverno seria muito mais difícil que as pessoas caminhassem para as suas terras de origem para participarem do recenseamento. Por outro lado, São Lucas diz-nos que os pastores estavam no campo com os seus rebanhos, de noite, o que indica que não seria inverno senão os rebanhos estariam ao abrigo dos estábulos. Mas foi precisamente pela grande Luz que o nascimento de Jesus anuncia, que a Igreja escolheu como data o 25 Dezembro, a altura do solstício de inverno, quando as noites são mais longas e a sua escuridão mais se faz notar.
Jesus e o presépio de Belém são para nós Luz e Alegria, por contraponto à escuridão e tristeza das noites longas.
Mas afinal o que fica deste Natal?
A certeza de que rápidos serão os meses e que num ápice todos andaremos novamente a correr, preocupados com as prendas e ofuscados com as luzes coloridas das ruas?
O que fica então ano após ano do Natal?
O mesmo sentimento de alegria que os anjos cantaram e que os pastores sentiram? A certeza de que Deus se fez homem em Jesus e que é o rosto visível de Deus?
Sintamos como exemplo a enorme Luz de humildade e simplicidade que vem do presépio de Belém, para a levar durante todo o ano aos “pastores que nada têm”. Fiquemos pois alegres com mais um nascimento de Deus feito homem no nosso coração, e que ao longo deste novo ano que está a iniciar saibamos contagiar os outros com essa alegria demonstrando a nossa Fé em Deus vivo.
Marta e Miguel Xavier
Pastoral Juvenil