Adelino Torres (n.1939) tem nacionalidade luso-francesa e é professor catedrático jubilado do ISEG – Universidade de Lisboa. O livro é dedicado a Adriano Moreira e Elikia M´Bokolo e lembra a memória de Alfredo Margarido, Hermínio Martins, Ilídio do Amaral e Inácio Rebelo de Andrade. A origem dos textos é variada: o primeiro capítulo corresponde a uma comunicação feita ao colóquio «Racismo ontem e hoje» organizado em 2005 pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o segundo é uma versão actualizada do texto «Terrorismo: o apocalipse da razão» inserido no livro «Terrorismo» dirigido por Adriano Moreira nas Edições Almedina em 2004, o terceiro foi publicado na Revista Mulemba (Maio 2014) editada pela Universidade Agostinho Neto (Luanda).No Preâmbulo o autor explica: «As vozes do Sul a que me refiro são aquelas, ainda minoritárias mas cada vez mais numerosas, de livres pensadores que, em África e no Médio Oriente, bem como noutras regiões do mundo, se batem pela liberdade de pensamento crítico e humanista contra todas as formas de obscurantismo, sem esquecer também o cada vez mais limitado europocentrismo que de certo modo o alimenta.
A posição do autor sobre os vários terrorismos ao longo de quase 150 anos, ou seja, desde a versão anarquista (a partir de 1880), à versão anticolonialista (desde 1945), à versão «Nova Esquerda» (com Fidel Castro em Cuba) termina no terrorismo de hoje: «o Islamismo político radical representa um fundamentalismo que nega a hermenêutica (quer dizer a interpretação) porque se trata de um pensamento «totalitário de recusa do outro, obscurantista na medida em que subordina a racionalidade e o próprio procedimento empírico ao arbitrário teológico.»
A fricção entre o futuro e o passado fica expressa na página 65: «Embora muitos possam pensar que os islamitas se adaptam à modernidade na verdade o seu horizonte é gerir a sociedade com as ideias fixas do passado. A sua ligação com o mundo moderno limita-se a pouco mais do que à utilização dos meios técnicos onde a tecno-ciência é limitada por uma espécie de estatuto extra-cultural e a-histórico que conduz a que estes integristas não admitam os fundamentos teóricos da ciência moderna.» Fica uma ideia em 25 linhas do livro de 210 páginas.
(Editora: Colibri, Prefácio: José Filipe Pinto, Capa: Raquel Ferreira, Editor: Fernando Mão de Ferro)